(081) – O MESSIAS

Quem é o Messias de Israel? É o rei dos reis esperado. A palavra hebraica Messias (Mashia) se traduz por “UNGIDO”.  Na língua Grega, Cristo quer dizer ungido. O Mashia do hebraico é o Cristo no grego. Os reis de Israel eram todos ungidos pois eram figura do Messias, o rei dos reis.

Qual a função do Messias, como rei de Israel? De restaurar o reino de Israel e reinar sobre as nações com vara de ferro: “Porque se amotinam as gentes e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da Terra se levantam, e os príncipes juntos se mancomunam contra Jeová e contra o seu ungido (Messias), dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os confundirá. Eu, porém, ungi o meu rei sobre o meu santo monte de Sião. Recitarei o decreto: Jeová  me disse: tu é meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e os fins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro” (Sl. 2:1-9). “Eis que eu envio o meu anjo, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o anjo do concerto, a quem vós desejais; eis que vem, diz Jeová dos exércitos. Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão do lavandeiro” (Ml. 3:1-2).

João Batista anunciou esse Messias ditador: “E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, é cortada e lançada ao fogo” (Mt. 3:10). João Batista não esperava um Cristo (Messias) manso e humilde, mas o grande guerreiro dominador dos povos do mundo, sob os pés de Israel.

O rei Saul era figura do Messias, por isso foi ungido pelo profeta a mando de Jeová (1 Sm. 10:1). Como ungido, tinha de ser irado e violento, mas era manso e bom. Os amonitas afrontaram Israel, e Saul era manso, então o espírito de Jeová se apoderou dele, e se ascendeu grandemente a sua ira (1 Sm. 11:1-6). Saul temia a Jeová, e por ocasião de uma guerra contra os filisteus, queria que o profeta Samuel oferecesse sacrifícios a Jeová. Samuel se demorava, e os filisteus apertavam. Então, passados sete dias, Saul, como ungido, ofereceu um holocausto a Jeová (1 Sm. 13:5-10). Logo após, chegou Samuel, que reprovou o ato de Saul, dizendo-lhe: “Agora não subsistirá o teu reino; já tem buscado Jeová para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado Jeová, que seja chefe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que Jeová te ordenou” (1 Sm. 13:14). Depois de ter rejeitado Saul, Jeová manda Samuel ungir novamente a Saul como rei com uma condição: Jeová odiava os amalequitas há quatrocentos anos (Ex. 17:16). Queria Jeová usar Saul para a vingança, ainda que os descendentes de dez gerações nada tivessem a ver com o passado. Se Saul matasse velhos, moços, mulheres, crianças e aos de mama, seria confirmado como rei. Saul perdoou Agague, o rei dos amalequitas, e por isso foi totalmente rejeitado. Jeová se vingou de Saul tirando o bom espírito, e colocando um espírito maligno (1 Sm. 15:1-3; 16:14-15). E Jeová ainda matou, com Saul, a três de seus filhos (1 Sm. 31:1-2).

Davi foi ungido rei em lugar de Saul porque tinha um coração como o de Jeová (1 Sm. 13:14). Que semelhança era essa? É que Jeová era o deus da guerra e Davi era guerreiro e guerreava as guerras de Jeová (Ex. 15:3; 1 Sm. 18:17; 25:28). As mulheres cantavam dizendo: “Saul matou milhares, porém Davi os seus dez milhares” (1 Sm. 18:7). Foi Jeová quem ensinou Davi a matar e guerrear. Disse Davi: “Deus instrui minhas mãos para a peleja” (2 Sm. 22:35). Davi continua dizendo: “Persegui meus inimigos e os derrotei, e nunca me tornei até que os consumisse. E os consumi, e os atravessei, de modo que nunca mais se levantaram, mas caíram debaixo dos meus pés, porque me cingiste de força para a peleja, e deste-me o pescoço dos meus inimigos, daqueles que me tinham ódio, e os destruí. Olharam, porém não houve libertador; sim, para Jeová, porém não lhes respondeu. Então os moí como o pó da terra; como a lama das ruas os trilhei e dissipei” (2 Sm. 22:38-43). Davi era a perfeita figura do Messias esperado. O povo anelava pelo nascimento do Messias, o rei dos reis.

Nos cativeiros, esse sentimento cresceu. A promessa era a seguinte: “Os filhos dos estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque no meu furor te feri, mas na minha benignidade tive misericórdia de ti” (Is. 60:10). “Haverá estrangeiros que apascentarão os vossos rebanhos; e estranhos serão os vossos lavradores e os vossos vinheiros” (Is. 61:5).

A promessa desse desfecho glorioso era para 70 anos depois do cativeiro babilônico dos judeus, que começou no ano 587 quando foi incendiado o templo. O povo cativo orava e clamava incessantemente a Jeová para que o Messias viesse (Jr. 25:11-12; 29:10-14; Dn. 9:2). Depois dos setenta anos apareceu o Messias de Jeová para tornar em realidade a grande promessa “Jerusalém, tu serás habitada, e as cidades de Judá: Sereis reedificadas, e eu levantarei as tuas ruínas. QUEM DIZ A CIRO: É MEU PASTOR, E CUMPRIRÁ TUDO O QUE ME APRAZ, dizendo também a Jerusalém: Sê edificada; e ao templo: Funda-te. ASSIM DIZ JEOVÁ AO SEU UNGIDO (MESSIAS), A CIRO” (Is. 44:26-28; 45:1). Esdras, o escriba, confirma o fato no seu livro, capítulo um, versos um a onze.

Quem era Ciro? Rei dos persas, idólatra adepto de Zaratustra ou Zoroastro, fundador do Mazdeísmo, religião que ensinava haver dois princípios, um do bem e outro do mal, enquanto a Bíblia prega um só princípio. O mazdeísmo era a religião dos magos da Pérsia e do oriente. Pois Ciro era o Messias ungido para dar cumprimento a promessa feita através de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Ageu, e outros da mesma época. Sobre essa maravilhosa restauração do reino de Israel, lemos em Jr. 31:8-14 que o povo todo voltaria dos cativeiros, pois Jeová resgatou a Jacó. Assim virão e exultarão, e correrão aos bens de Jeová, ao trigo e ao mosto, aos cordeiros e bezerros, e sua alma seria como um jardim regado. Então a virgem se alegrará na dança, e também os mancebos e os velhos, e assim a tristeza seria mudada em gozo. Um novo concerto eterno seria feito (Jr. 31:31-34; 33:9-11). A glória do segundo templo seria maior que a primeira (Ag. 2:5-9). Pois nada aconteceu. O Templo reconstruído por Zorobabel (Ed. 2:2, 68) foi profanado por Antíoco Epifânio no ano de 175 a.C., pois colocou uma estátua de Júpiter no santo dos santos, pilhou o tesouro do templo, destruiu os livros sagrados, proibiu a circuncisão, e fez sacrifícios de suínos no altar dos holocaustos. O povo foi passando de mão em mão.

Alexandre Magno conquistou o mundo, e com sua morte, seu império foi dividido em quatro. Com isso, a Judeia foi anexada ao Egito no ano 320 a.C., passou depois pela mão dos selencidas, reis sírios e pelos Ptolomeus, governadores egípcios. Antíoco Epifânio foi o oitavo governador entre os selencidas, 175-164 a.C. Mais tarde os judeus passam para a mão dos romanos no ano 63 a.C. E daí por diante, até o nascimento de Jesus Cristo, conforme a profecia de Dn. 9:24-27. As famosas setenta semanas de anos. No fim dos 490 anos nasceu Jesus Cristo, o verdadeiro Messias, que deveria assumir o cetro real, restaurar o reino de Israel e submeter os povos com a vara de ferro. Contrariando todas as profecias, Jesus declara: “Meu reino não é deste mundo” (Jo. 18:36). Em vez de reger as nações como Messias de Israel, como Jeová prometera, declara graça total para todos. “Porque a graça de Deus se há manifestado trazendo salvação a todos os homens” (Tt. 2:11).

Deus, em Cristo, reconciliou o mundo todo consigo, não lhes imputando os seus pecados (2 Co. 5:19). Jesus revela que o Pai é amor, tem um reino de amor que não é na terra, e salva os homens levando-os para esse reino de amor (Cl. 1:12-13). Para concluir, o Messias anunciado no Sl. 2:5 é fruto da ira de Jeová, enquanto que o Messias revelado no Novo Testamento é fruto do amor do Pai (Jo. 3:16).

 

Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira

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