(414) – SE… – V

       SE… 5

A idéia de que Jesus Cristo e o Jeová do Velho Testamento são a mesma pessoa é antiqüíssima. O primeiro a falar disso é o próprio Jeová. A palavra hebraica MASHIA se traduz por ‘ungido’. No salmo 2 Jeová fala do seu ungido, dizendo: “Por que se amotinam as gentes, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos se mancomunam contra Jeová e contra o seu ‘ungido’ (MASHIA), dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas” (Sl. 2:1-3). Quando a samaritana disse a Jesus: “Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo” (Jo. 4:25-26). Jesus mesmo declarou que era o messias anunciado por Jeová, e o messias viria para libertar Israel dos cativeiros, restaurar o reino de Davi, e colocar todas as nações debaixo dos pés de Israel (Sl. 47:3). Nos capítulos 12 a 14 do livro de Zacarias lemos a restauração de Israel, e lemos que Jeová será rei sobre toda a terra (Zc. 14:9).Cumprir-se-á a profecia de Moisés, que disse: “Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó Jeová, aparelhaste para tua habitação, no santuário, ó Jeová, que as tuas mãos estabeleceram. Jeová reinará eterna e perpetuamente” (Ex. 15:17-18). Se o messias iria sentar no trono de Davi, e a Escritura declara que Jeová vai sentar no mesmo trono, logo Jeová é Jesus. Sendo assim, muitas conclusões bíblicas podem ser apontadas. Na Teologia Sistemática de Charles Hodge, edição de 2001, página 377, falando da divindade de Jesus Cristo, diz: ‘O Jeová manifestado é chamado de Verbo de Deus, e a ele se atribuem a subsistência e as perfeições divinas’. Vejamos se as perfeições divinas de Jeová se aplicam a Jesus Cristo:

1.  Jeová é chamado também de Todo-poderoso (El Shaday); Todo poderoso é o nome atribuído ao Deus onipotente (Dt. 32:39; Is. 14:27; 43:13). “Sendo pois Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu Jeová a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-poderoso (El Shaday); anda em minha presença e sê perfeito” (Gn. 17:1). E Jesus, ao ressuscitar dos mortos, disse aos seus discípulos: “É-me dado todo poder no céu e na terra” (Mt. 28:18). Ao declarar isso, Jesus revela que não tinha poder antes da cruz. Quem recebe é porque não tinha.

2.  Cristo não era Senhor dos vivos e dos mortos. Paulo nos revela isso: “Foi para isto que morreu Cristo, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos” (Rm. 14:9). Ora, Jeová se declarou senhor dos vivos e dos mortos mil e seiscentos anos antes de Cristo dizendo: “Eu mato e eu faço viver” (Dt. 32:39). “Jeová é que tira a vida e a dá” (I Sm. 2:6). Aquele que não era não pode ser o que já antes era.

3.  Os anjos não se submetiam à Jesus antes da ressurreição, pois Pedro diz: “Pela ressurreição de Jesus Cristo; o qual está à dextra de Deus, tendo subido ao céu; havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potencias” (I Pd. 3:21-22). Ora, Jeová governava no Velho Testamento através dos anjos: “Jeová tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo. Bendizei a Jeová, anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra” (Sl. 103:19-20). Se os anjos, servos de Jeová, não eram submissos a Cristo antes da ressurreição, os dois não podem ser a mesma pessoa.

4.  Jeová era senhor absoluto no Velho Testamento. Trouxe o dilúvio, logo era senhor da terra e da natureza. Jeová é o Senhor dos Exércitos (Jeová Tzebaot). Era o deus que comandava todas as guerras. Jeová reinava sobre as nações (Sl. 96:10). Declara que tudo é dele (Sl. 24:1). No entanto: “Jesus, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Fp. 2:6-11). Se Jeová era senhor absoluto milhares de anos antes de Cristo, e Jesus só se tornou Senhor após a ressurreição, está na cara que não são a mesma pessoa.

5.  Jeová era salvador de Israel. Ele mesmo se declarou, dizendo: “Porque eu sou Jeová teu deus, o santo de Israel, o teu salvador; dei o Egito por teu resgate” (Is. 43:3). E declarou mais: “Eu, eu sou Jeová, e fora de mim não há salvador” (Is. 43:11). Se Jeová declara que fora dele não há salvador, só podemos pensar que ele e Jesus são a mesma pessoa; de outra forma Jeová estaria negando à Jesus. Pedro levanta um problema quando disse aos sacerdotes judeus: “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro. Deus com a sua dextra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados” (At. 5:30-31). O texto deixa claro que só após a ressurreição é que Jesus foi elevado a Príncipe e Salvador, logo antes da ressurreição ainda não era. Como fica? Jeová foi salvador de Israel lá no Egito, e declarou que não existe outro. Jesus não era salvador, e só passou a ser depois da cruz.

Na carta aos Hebreus temos outra declaração contundente, que diz: “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser causa de eterna salvação para todos que lhe obedecem” (Hb. 5:8-9). Jesus só se tornou salvador depois que consumou na cruz a obra da sua missão. Sem a morte e ressurreição Jesus não seria Salvador, pois os pecadores salvos só são justificados pela ressurreição (Rm. 4:25). Jeová era salvador sem morte e sem ressurreição, portanto a sua salvação não salvava ninguém. Tanto isso é verdade, que os que Jeová salvou, matou depois (Jd. 5). Outra diferença entre Jeová e Jesus, é que Jeová salvava sem que o povo cresse. Jesus só salva os que crêem, portanto não são a mesma pessoa, e tem missões diferentes.

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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