(111) – O RESGATE DOS PRIMOGÊNITOS

O Primogênito é o primeiro filho e o primeiro entre os irmãos. Jesus foi o primogênito de Maria (Mt. 1:24-25). Jesus teve quatro irmãos, fora as irmãs (Mt. 13:55-56). O primogênito do pai é o primeiro filho. Depois de nascido o primogênito do pai, cada mulher tinha o seu primogênito. Bat Seba teve quatro filhos para Davi. Siméia foi o primogênito, depois Sobate, Natã e Salomão, o caçula, mas o primogênito de Davi foi Amnon, filho de Ainoã (1 Cr. 3:15). Se a esposa que gerou o primogênito não gerasse mais filhos, esse filho seria unigênito, ainda que o pai tivesse muitas esposas com muitos filhos. Foi o caso de Abraão. Sara só teve um filho, que é chamado de unigênito, apesar de Abraão ter mais sete filhos de outras duas mulheres (Gn. 16:1-4; 25:1-2; Hb. 11:17).

A linhagem de um homem era contada pelo primogênito, por isso que a força de um homem estava no primogênito (Dt. 21:15-17). Se morria o primogênito, estava cortada a linhagem e a força do tal homem.

A última praga que Jeová descarregou sobre o Egito foi a morte de todos os primogênitos, tanto de homens como de animais: “E aconteceu, à meia noite, que Jeová feriu a todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se assentava em seu trono, até o primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais” (Ex. 12:29). Diz a Escritura que o pranto e o clamor do Egito foi mui grande (Ex. 12:30).

O valor dos primogênitos vinha de Jeová. O povo de Israel foi chamado por Jeová de filho primogênito (Ex. 4:22). Assim sendo, podemos entender que para salvar o seu primogênito, Jeová matou todos os primogênitos do Egito.

Era tanto o valor dos primogênitos, que Jeová os tomou para si. “Santifica-me todo o primogênito, o que abrir toda a madre entre os filhos de Israel, de homens e animais; porque meu é” (Ex. 13:2). “Apartarás para Jeová tudo o que abrir a madre, de homens e de animais; os machos serão de Jeová. Porém tudo o que abrir a madre da jumenta, resgatarás com cordeiro, e se o não resgatares, cortar-lhes-ás a cabeça; mas todo o primogênito do homem entre teus filhos resgatarás. Se acontecer no futuro, que teu filho pergunte, dizendo: Que é isto? Dir-lhe-ás: Jeová nos tirou com mão forte do Egito, da casa de servidão, porque sucedeu que, endurecendo-se Faraó, para não nos deixar ir, Jeová matou a todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito do homem até o primogênito de Faraó; por isso eu sacrifico a Jeová os machos de tudo o que abre a madre; porém a todo primogênito de meus filhos eu resgato” (Ex. 13:12-15). O texto deixa claro que, não havendo o resgate, os primogênitos serão sacrificados a Jeová, pois pertencem a ele. Este caso assemelha-se ao da circuncisão. Todo macho era circuncidado por estatuto perpétuo. “O filho de oito dias, pois será circuncidado, todo o macho nas vossas gerações; o nascido na casa e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua semente. E estará o meu concerto na vossa carne por concerto eterno. E o macho com prepúcio, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada dos seus povos, quebrou o meu concerto” (Gn. 17:12-14). No caso do resgate é igual. Se o pai não resgatar o filho, quebrou o concerto de Jeová. O primogênito será degolado diante de Jeová. ‘O Antigo Testamento Interpretado’ de R.N. Champlin, afirma que os primogênitos eram sacrificados a Jeová. Também, o ‘Vocábulo de Teologia Bíblica’ da Editora Vozes, comenta que, pelas escavações de Gezer e de Taannak, chegou-se a conclusão que o costume bárbaro de imolação de crianças existia também em Israel. Jeová não só aceitava sacrifícios humanos, como também os exigia, pois exigiu de Abraão o sacrifício de seu filho Isaque (Gn. 22). Aceitou o sacrifício da filha Jeftá (Jz. 11). Aceitou o sacrifício de sete filhos de Saul, para aplacar sua ira. Este caso é digno de nota. Saul havia morrido há mais de trinta anos, mas o ódio de Jeová e a sede de vingança aumentavam. Saul estava no inferno, nas mãos de Satanás, e seus filhos estavam nas mãos de Jeová, que mandou três anos de fome sobre Israel. Davi consultou a Jeová, e este lhe disse: É por causa de Saul, que mandou matar os gibeonitas. Davi consultou os gibeonitas, e estes lhe pediram sete filhos de Saul para sacrificarem a Jeová. Estes sete infelizes foram enforcados diante de Jeová (2 Sm. 21:9). O texto termina dizendo que a ira e a sede de vingança passaram, e Jeová se acalmou (2 Sm. 21:14).

Voltando ao primogênitos, o preço pago para resgatá-los era de cinco ciclos de prata (Nm. 3:46-47). Havia o siclo de prata (Lv. 5:15; 27:3). Havia também o siclo de ouro (Gn. 24:22; Jz. 8:26). No capítulo sete do livro de Números, que trata das ofertas, há dezenas de citações sobre os siclos de prata e de ouro.

Pois bem, o apóstolo Pedro, falando do resgate das nossas almas, assim se exprime:  “E, se invocais, por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação. Sabendo que não foi com  coisas corruptíveis como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1 Pd. 1:17-19).

O que nos assusta nesta declaração de Pedro é ele chamar de tradição vã, isto é, sem nenhum valor, aquilo que para Jeová era de valor tão alto que, desobedecido, era punido com a morte. O fato é que o ouro e a prata resgatavam a alma para Jeová, mas não resgatavam para o Pai. Só Cristo resgata com o seu sangue precioso; o resto é coisa vã, sem valor, ritual de tradição para enganar o povo crédulo.

 

Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira

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