(457) – MANIFESTAÇÃO DE CRISTO – VI

MANIFESTAÇÃO DE CRISTO 6

(Hb. 9:26)

Jesus permaneceu no anonimato por trinta anos. Não fez obra nenhuma. João Batista, o último profeta do Velho Testamento, foi a porta pela qual Jesus se manifestou. Ele disse: “Eu não o conhecia; mas para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu por isso, batizando com água” (Jo. 1:31). E assim Jesus iniciou a grande missão em Israel. Qual missão?

  1. Manifestar as obras de Deus. Jesus viu um homem cego de nascença. Os discípulos perguntaram-lhe: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais, mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus. Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia” (Jo. 9:1-4). A palavra ‘manifestar’, significa trazer à luz o que ainda não é de conhecimento público. Jeová, o deus de Israel, nunca curou cegos, mas cegar, ele cegou. Revestiu Isaías com o dom de cegar, quando este profeta teve uma visão de Jeová no seu trono, com serafins voando acima dele. Um serafim tocou os lábios do profeta com uma brasa viva, e purificou o seu pecado. Jeová então disse: A quem enviarei e quem há de ir por nós? Isaías disse: Eis-me aqui, envia-me a mim. Então Jeová disse: “Vai, e dize a este povo: Ouvis de fato, e não entendeis, e vedes em verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, e endurece-lhes os ouvidos, e fecha-lhes os olhos; não venha ele a ver com os olhos, e a ouvir com os seus ouvidos, e a entender com o coração, e a converter-se, e a ser sarado” (Is. 6:7-10). Jeremias, profeta que surgiu seiscentos anos antes de Cristo, disse: “Ouvi agora isto, ó povo louco e sem coração, que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvidos e não ouvis” (Jr. 5:21). O próprio Isaías já tinha falado: “Trazei o povo cego que tem olhos, e os surdos que tem ouvidos” (Is. 43:8). E essa cegueira durou até Jesus Cristo:“E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? e a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, pelo que Isaías disse outra vez: Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure. Isaías disse isto quando viu a sua glória, e falou dele” (Jo. 12:37-41). Está bem claro que Jeová cegou os judeus para que não cressem em Jesus. Por isso Jeová não curava os cegos. Ora, se Jeová não curava os cegos de Israel, pois ele mesmo os cegava, fica provado que quem mandou Jesus curar o cego de nascença não foi Jeová, mas o Pai. O cativeiro judeu, em Babilônia, começou no ano 587 antes de Cristo, e cento e dez anos antes reinou Manassés, péssimo rei. Depois de Manassés reinou Josias, ótimo rei, mas, apesar da boas obras de Josias, Jeová não se demoveu da sua ira até destruir o reino de Judá através de Nabucodonosor. Foram ao todo setecentos anos de ira, em que Jeová não operou nenhuma cura, e não fez nenhum milagre, como ele mesmo declarou (Is. 1:15; 59:1-3).

Ora, se Jesus veio manifestar as obras de Deus curando, essas não eram obras de Jeová, mas do Pai.

  1. Cristo se manifestou para revelar os frutos do Espírito Santo, os dons do Espírito Santo e a missão do Espírito Santo.

O Espírito Santo no Velho Testamento era de Jeová, que é um deus iracundo. Ele mesmo declara:“Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e consumirá a terra com a sua novidade” (Dt. 32:22). A ira do inferno só pode ser de Satanás, pois a ira, se fosse boa, viria do céu. A ira de Jeová é tão violenta, que ele destrói um reino, ou uma nação inteira num movimento de furor. Quando Arão fez o bezerro de ouro, e o povo desandou em uma orgia dionisíaca, Jeová trovejou, dizendo: “Agora pois deixa-me, que o meu furor se acenda contra eles, e os consuma; e eu farei de ti uma grande nação” (Ex. 32:10). Jeová é um deus que se ira todos os dias (Sl. 7:11). Saul, apesar de sua estatura, era manso; mas num momento crítico da história de Israel, diz o texto sagrado: “Então o Espírito de deus se apoderou de Saul, ouvindo estas palavras, e acendeu-se em grande maneira a sua ira” (I Sm. 11:6). O espírito de Jeová era também assassino. Cada vez que vinha sobre Sansão, mortes ocorriam (Jz. 14:15-16, 19). Elias, o tisbita, ungia com espírito santo para matar (I Rs. 19:15-17).Também o espírito santo de Jeová era a sua bandeira de guerra (Is. 59:19). Também o espírito santo de Jeová se tornou adversário de seu povo, e o próprio espírito pelejou contra eles (Is. 63:10).

Jesus se manifestou para trazer do céu o Espírito Santo do Pai, que nos ensina todas as coisas (Jo. 14:26). Também o Espírito Santo nos guia em toda verdade (Jo. 16:13). É o Espírito Santo que luta contra nossa carne (Gl. 5:16-17). É o Espírito Santo que mortifica as paixões e concupiscências da carne(Rm. 8:13-14). É o Espírito Santo que regenera os pecadores (I Co. 6:10-11; Tt. 3:5). É o Espírito Santo que nos santifica (II Ts. 2:13). É o Espírito Santo que intercede por nós diante de Deus com gemidos inexprimíveis (Rm. 8:26). É o Espírito Santo que dá sabedoria para falar (Mt. 10:19-20). É o Espírito Santo que revela os mistérios de Deus ocultos aos homens (I Co. 2:9-10). É o Espírito Santo que escolhe e separa os cristãos aptos para cada obra (At. 13:1-2). É o Espírito Santo que constitui pastores e bispos para apascentar o rebanho de Deus (At. 20:28). É o Espírito Santo que enche o cristão do amor de Deus (Rm. 5:5). É o Espírito Santo do Pai que, através dos dons espirituais leva o cristão a superar as suas limitações (I Co. 12:7-11). Enfim, é o Espírito Santo que forma o corpo de Jesus Cristo, que é a Igreja formada pelos santos (I Co. 12:12-13).

De forma clara e insofismável, o espírito santo do Velho Testamento nada tem a ver com o Espírito Santo do Pai. É por isso que o apóstolo João registrou o que Jesus disse: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque não havia ainda o Espírito Santo, por Jesus não ter sido glorificado” (Jo. 7:38-39). E Jesus declarou: “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas se eu for, enviar-vo-lo-ei” (Jo. 16:7).

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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