(130) – A CONCUPISCÊNCIA 4

Pelos estudos anteriores ficou fartamente provado que o homem, a partir do Adão de Gn. 2:7, foi feito do pó da terra, isto é, carne; e foi feito com concupiscência, pois não existe carne sem concupiscência (Gl. 5:24).  Essa concupiscência, componente indispensável a multiplicação das espécies, faz parte da natureza da carne dos homens, e engana os homens em relação ao entendimento e a razão das coisas. Paulo nos diz: “Se é que o tendes ouvido, e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus; que, quanto ao trato passado, vos despojeis do Velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano” (Ef .4:21-22). Esse engano leva os homens às imundícies da carne (2 Pd. 2:10). Essa concupiscência obriga os homens à prática do mal, causando a morte. Paulo afirma que, querendo fazer o bem, não conseguia, e era obrigado a prática do mal por causa da carne de que era feito. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem, porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (Rm. 7:18-19). A concupiscência carnal do homem, concebe o pecado sem o consentimento do mesmo homem, e a consumação do pecado gera a morte (Tg. 1:15). A concupiscência é, portanto, o poder maligno que destrói todos os valores morais e éticos, necessários a verdadeira vida, isto é, a vida espiritual ligada a Deus Pai, e mata espiritualmente.

1.     A concupiscência alimenta a vaidade, e vaidade é coisa vã, fútil, frívola; é desejo de brilhar, aparecer, atrair atenções dos outros; presunção ridícula, vanglória, ostentação. Salomão, o mais sábio e o mais rico dos homens, disse: “Tudo quanto desejaram os meus olhos não lho neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma… E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, e também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito” (Ec. 2:10-11)“. Vanitas vanitatum, et omnia vanitas” (Vaidade das vaidades, tudo é vaidade. Ec. 1:2). E porque Salomão declarou isto? Porque foi derrubado pela concupiscência da carne e dos olhos. Salomão teve setecentas mulheres e trezentas concubinas (1 Rs. 11:1-3).

2.     A concupiscência desconhece o recato, pois recato é cautela, resguardo, honestidade; não se mostrar em público, não se exibir, mesmo estando vestido. Hoje, as mulheres se exibem sem roupa, pois excluíram o recato.

3.     A concupiscência, poder que governa os atos humanos, sufoca o pudor arrastando as mulheres a práticas libidinosas. Uma jovem despudorada se despe diante do namorado. É preciso lembrar que o conceito de pudor desapareceu há mais de quarenta anos. A sociedade moderna é amoral. No tempo dos apóstolos havia falta de pudor e dessas tais Paulo declarou: “Andam ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também paroleiras e curiosas, falando o que não convêm” (1 Tm. 5:13).

4.     A concupiscência da carne destrói a castidade. Ora, castidade é a abstinência dos prazeres sensuais, pureza. Tem ouvidos castos aquele que não ouve conversas deletérias. Tem olhos castos aquele que não olha cenas indecentes e imorais. As orgias dionisíacas, celebradas no Egito e na Grécia onde imperavam o culto ao sexo, a lascívia e a dissolução de costumes que passaram para a Etrúria, e depois para Roma sob o título de bacanais, com banquetes escandalosos e libertinagem; tudo em honra a Baco, o deus do vinho. A corrupção foi tamanha em Roma que, com o advento do cristianismo, a castidade aliada a fé se tornou ponto fundamental para a vida cristã. Cresceu tanto, tanto, que foram-nos legados vários tratados sobre a virgindade. Na literatura ocidental escreveram Tertuliano, Cipriano, Ambrósia, Jerônimo, Agostinho, e Leandro. No oriente escreveram Metódio, Atanásio, Basílio, Gregório Niceno, João Crisóstomo. Todos eles concordavam num ponto. Quando se perdia a virgindade no corpo, há muito tempo havia perdido na mente e na alma. Já estava contaminada a vontade quando se entrega o corpo.

5.     A concupiscência carnal desenvolve a incontinência. Continência é o ato de se conter. A moderação é virtude, filha da continência. O continente não olha para mulher do próximo, nem para a sua filha. O continente está livre de contrair blenorragia, AIDS, e outras doenças venéreas. Todas as doenças venéreas são para os incontinentes e lascivos. A incontinência do rei Davi foi a causa da destruição da sua linhagem. Se Davi tivesse contido o impulso carnal, não teria cometido adultério com Bat-Seba, esposa de Urias, o Heteu. Também não teria tramado a morte de Urias para se livrar do adultério; e não teria despertado a ira vingativa de Jeová, que lançou tal maldição na sua casa, que Amnom, primogênito de Davi e herdeiro do trono, violentou sua irmã, Tamar, cometendo um incesto monstruoso. Absalão, irmão de Tamar conspirou contra Amnom, e assassinou-o. Por último, Joabe matou Absalão. E isso sem contar que o vingativo Jeová entregou dez concubinas de Davi a Absalão em público. Foi um desastre de conseqüências eternas. Os inocentes morreram pelos pecados do pai, pois essa era a justiça de Jeová (2 Sm. 11 e 12).

6.     A concupiscência é a essência do velho homem e tem como finalidade alimentar a prostituição, multiplicar a cobiça, alastrar a malícia e a intemperança, fomentar a licenciosidade e a pornografia, aceitar todas as aberrações—todas as coisas que a própria Palavra de Deus condena (1 Co. 6:10; Ef. 5:3-5; 1 Tm. 1:9-11).

7.     Em 1 Jo. 2:15-17, lemos que a concupiscência não é do Pai, nem é conforme a vontade do Pai. Todos que andam pela concupiscência não se salvam. Mas o homem foi formado com concupiscência, e Jeová afirma que foi ele que fez o homem (Is. 45:12; Jr. 27:5). E Jeová se declara Deus de toda a carne (Jr. 32:27). Ora, a vontade do Pai é criar em Cristo um novo homem sem concupiscência (Cl. 3:5-10; Ef. 4:22-24).  Seria incoerente que o mesmo Deus criasse os homens programados para fazer o mal, e os condenasse por isso, e por último mandasse o Filho para concertar o homem. Os milhões que viveram antes estão todos condenados, e depois de Cristo a porta do céu se abriu para os homens, tão concupiscentes como os que foram condenados.

Qualquer cego pode ver que Jeová interferiu na criação para desviar o propósito de Deus Pai. Então Jesus desceu para salvar e recriar o homem como o Pai queria no princípio, e provar que o Pai é amor. O espantoso é que Jeová, mandando pragas, pestes e maldições, promovendo guerras e mortandades, seja tido como bonzinho.

Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira

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