(402) – DEUS BOM

DEUS BOM

 

Deus, o Pai, é bom. Deus é tão bom que Jesus não aceitou ser chamado de bom. O evangelista Mateus registra o fato assim: “E eis que, aproximando-se dele um mancebo, disse-lhe: Bom mestre, que bem farei para herdar a vida eterna? E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos. Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt. 19:16-19). Jesus queria ensiná-lo que Deus, o Pai, é amor, e só os que amam terão a vida. Deus é amor, e amor sem medida, e só entram no seu reino os que amam também sem medida (I Jo.4:7-8; Mt. 5:43-48). O mancebo, tão interessado em ter a vida eterna se afastou triste porque não conhecia o verdadeiro amor.

No Velho Testamento não havia amor, e tudo era regido pela lei de Jeová. O casamento obedecia às regras da lei, não do amor. E o amor não tinha peso nenhum no casamento. Se um homem não se agradasse da mulher podia lhe dar carta de repúdio com o aval de Jeová (Dt. 24:1-4). Se a mulher repudiada amava o marido, isso não pesava no juízo de Jeová.

Siquem, filho de Hamor, o heveu, deitou-se com Diná, filha de Jacó e Leia, mas deitou-se por amor, e era tanto o amor que Siquem e Hamor, seu pai, foram até Jacó (Gn. 34:1-8). Mas para os doze filhos de Jacó, amor para nada servia. Só a lei da circuncisão (Gn. 34:14). E Jacó e seus filhos propuseram que os heveus se circuncidassem para que Diná e Siquem pudessem casar. Como o amor de Siquem por Diná era sem medida, Hamor, que era o príncipe daquela terra, convenceu a todos os varões a serem circuncidados, coisa que realmente aconteceu. Mas ao terceiro dia, quando a dor era mais aguda, Simeão e Levi, tomaram suas espadas, e entraram afoitamente na cidade, e mataram todo macho. Mataram também a fio de espada Hamor e a seu filho Siquem (Gn. 34:25-29). Jacó ficou horrorizado com a atrocidade dos filhos.

Jeová, que matou Er, primogênito de Judá (Gn.3 8:7), matou Onã, irmão mais novo de Er, porque não quis dar semente ao irmão morto (Gn. 38:8-10). Jeová, que matou a fogo do céu os dois filhos de Arão, o sumo sacerdote, Nadabe e Abiú, porque trouxeram fogo estranho sobre o altar para oferecer incenso(Lv. 10:1-2); Jeová que fulminou Uzá, porque teve a audácia de segurar com as mãos a arca do concerto, que estava caindo do carro inclinado (II Sm. 6:5-7); no caso do crime hediondo dos filhos de Jacó, dizimando uma cidade inteira, não se pronunciou sobre o caso. Diz o provérbio: Quem cala, consente. E por que consentiu? Porque os doze filhos de Jacó iam formar o seu reino de glória (Is. 43:7).Seguindo a mesma linha, Judá adulterou com Tamar, mulher de seu filho Er, um adultério vergonhoso, e Jeová nada falou sobre o assunto (Gn. 38:13-26). Rubem, o primogênito de Jacó, cometeu incesto com Bila, concubina de seu pai (Gn. 35:22). Jeová não matou Judá, nem Rubem, e nem se pronunciou sobre o assunto. E por quê? Porque era bom? Se fosse bondade, teria poupado Nadabe e Abiu, cujo pecado foi muito menor, e teria poupado a Uzá, que não cometeu pecado.

Está bem para Jeová, que a filha de um sacerdote que se prostituísse fosse queimada a fogo; está bem para Jeová, que quem adorasse outro deus fosse morto pelo próprio irmão (Dt. 13:6-9). Mas quando Acã cobiçou e pegou uma capa babilônica, duzentos ciclos de prata e uma cunha de ouro, Jeová que se dizia piedoso e misericordioso, mandar apedrejar com pedras e queimar vivos Acã, sua mulher, seus filhos, suas filhas e tudo quanto possuía, isto é desconhecer o amor, é desconhecer a misericórdia, é desconhecer a graça do Pai (Js. 7:24-26). Matar inocentes com requintes de crueldade não revela bondade. Que tem a ver a cobiça de Acã com os filhos e filhas? Que tem a ver a cobiça de Acã com as ovelhas, os bois e os jumentos? Jeová que cuida tão bem das aves e dos passarinhos (Dt. 22:6-7), manda apedrejar ovelhas, e bois, e jumentos de um pecador? Não basta fazer acepção de pessoas, mas também faz acepção de animais irracionais? Onde está a bondade desse deus? O salmista canta a bondade de Jeová, dizendo: “a terra está cheia da bondade de Jeová” (Sl. 33:5). No começo da história de Israel, quando iam tomar posse, Jeová mandava matar todo mundo, homens, mulheres e crianças, porque a terra estava cheia da bondade de Jeová (Dt. 2:30-34). Quando a Bíblia fala crianças, não são meninos de oito a doze anos, mas bebês de peito. Vejamos a ordem de Jeová a Saul, rei de Israel, pela boca de Samuel: “Enviou-me Jeová a ungir-te rei sobre o seu povo Israel; ouve agora pois, a voz da palavra de Jeová. Assim diz Jeová dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel, como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito. Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até a mulher, desde os meninos até aos de mama, desde os bois até às ovelhas e desde os camelos até aos jumentos” (I Sm. 15:1-3). E por que essa vingança criminosa? Porque a terra está cheia da bondade de Jeová. Quando o povo de Israel se tornou idólatra, e ofereceu sacrifícios aos diabos e não a Jeová, a Escritura Sagrada registra o furor da bondade de Jeová: “Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até o mais profundo do inferno, e consumirá a terra com sua novidade, e abrasará os fundamentos dos montes. Males amontoarei sobre eles, as minhas setas esgotarei sobre eles. Exaustos serão de fome, comidos de carbúnculo e de peste amarga; e entre eles enviarei dentes de feras, com ardente peçonha de serpentes do pó. Por fora devastará a espada, e por dentro o pavor; ao mancebo, juntamente com a virgem, assim à criança de mama, como ao homem de cãs” (Dt. 32:22-25). E tudo isto porque a terra está cheia da bondade de Jeová. Imaginem o que Jeová faria, se não fosse a sua grande bondade!

Jó, o homem mais perfeito da terra, pois era sincero e reto, temente a Deus, e desviava-se do mal (Jó 1:1). Pois esse homem bom, fala a respeito de Jeová, o Todo poderoso, dizendo: “Porque as frechas do Todo poderoso estão em mim, e o seu ardente veneno o bebe o meu espírito” (Jó 6:4). Realmente Jó conheceu de perto a bondade de Jeová.

Nós, os cristãos, podemos declarar que Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é de bondade infinita, pois enviou o seu unigênito Filho para salvar a todos os homens (I Tm. 2:3-4; 4:10).

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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