(436) – MANQUEJAR – I

MANQUEJAR 1

 

Que é manquejar? É o que manqueja; o manco. O manco é o coxo. Manquejar é mancar, pessoa que não consegue andar direito, pois tem defeito em um dos pés. Jeremias, o profeta, disse estas palavras, quando padecia na mão de Pasur, que era o presidente dos sacerdotes, no templo de Jeová: “Porque ouvi a murmuração de muitos, terror de todos os lados: Denunciai-no-lo, e o denunciaremos; todos os que têm paz comigo aguardam o meu manquejar, dizendo: Bem pode ser que se deixe persuadir; então prevaleceremos contra ele, e nos vingaremos dele” (Jr. 20:10).

A pressão sobre Jeremias era muito grande. Ferido pelo cruel Pasur e preso no cepo, em crise espiritual com Jeová (Jr. 20:7-9), perseguido pelos falsos profetas, proferiu estas palavras: “todos os que tem paz comigo aguardam o meu manquejar, dizendo: Bem pode ser que se deixe persuadir; então prevaleceremos contra ele, e nos vingaremos dele” (Jr. 20:10). Todos os homens retos e justos, fiéis e perseverantes, são vigiados pelos que se dizem amigos, esperando que ele manqueje, isto é, pise na bola; então caem em cima e se vingam, roubando-lhe a honra e o nome.

Quem os ensinou essa tática, foi o próprio Jeová que se apresenta, dizendo: “Eu sou Deus” (Is. 43:12).Ele declara: “Desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniqüidade, fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; Na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá” (Ez. 18:24).

Falemos de Gideão. Os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos de Jeová, e Jeová os entregou na mão dos midianitas por sete anos. Os midianitas e os amalequitas destruíam as suas plantações, roubavam ovelhas, bois e jumentos. Vinham como gafanhotos em multidão destruindo tudo. Israel empobreceu, e clamou a Jeová na angústia.

O anjo de Jeová apareceu a Gideão, filho de Joás, que malhava o trigo no lagar, e disse a Gideão: “Jeová é contigo, varão valoroso” (Jz. 6:12). Jeová lhe disse: “Eu hei de ser contigo e tu ferirás aos midianitas” (Jz. 6:16). Gideão ofereceu um presente a Jeová. O anjo esperou, e Gideão trouxe um cabrito e bolos asmos, e o anjo lhe disse: “Toma a carne e os bolos asmos, e põe-nos sobre esta penha e verte o caldo. E assim o fez. E o anjo estendeu a ponta do cajado e tocou a carne e os bolos asmos; então subiu fogo da penha e consumiu a oferta. E desapareceu o anjo” (Jz. 6:18-21). Com esta prova conheceu Gideão que estava a serviço de Jeová para libertar Israel (Jz. 6:22). Jeová exige um altar com sacrifícios e holocaustos (Jz. 6:25-26). O espírito de Jeová revestia a Gideão (Jz. 6:34). O povo, vendo isso, se aliou a Gideão. Eram vinte e dois mil (Jz. 7:3). Por ordem de Jeová, Gideão selecionou trezentos homens (Jz. 7:4-6). Com estes Gideão venceu Zeba e Zalmuna, com seus quinze mil homens (Jz. 8:10-12). O povo de Israel, encantado com Gideão, lhe disse: “Domina sobre nós, tu e teus filhos” (Jz. 8:22).

Gideão, muito educadamente não aceitou o cargo, mas pediu um presente, dizendo: “Dai-me cada um de vós os pendentes do seu despojo, porque tinham pendentes de ouro. O peso dos pendentes foi de mil e setecentos ciclos de ouro, fora as luetas, e as cadeias, e os vestidos de púrpura. E fez Gideão disso um efode (ídolo), e pô-lo na cidade de Ofra. E ali Israel se prostituiu, e foi por tropeço a Gideão e a sua casa” (Jz. 8:22-27). Gideão tinha setenta filhos, porque tinha muitas mulheres (Jz. 8:30). E uma sua concubina lhe deu um filho, cujo nome era Abimeleque. Este Abimeleque, na cobiça de dominar Israel, matou os setenta filhos de Gideão menos um que escapou, de nome Jotão. Perder um filho bom causa uma dor insuportável, imaginem perder sessenta e nove. Pobre Gideão. Serviu Jeová quarenta anos (Jz. 8:28). E a paga que recebeu de Jeová porque manquejou, foi ter a casa destruída por Jeová, o guarda dos homens (Jó 7:20). Cumpriu-se a palavra do profeta Ezequiel: “Desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniqüidade, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; no seu pecado com que pecou, nele morrerá” (Ez. 18:24).

O problema que compromete o comportamento cruel e ingrato de Jeová, é que no Novo Testamento lemos: “Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho da caridade que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis” (Hb. 6:10). E Jesus declarou: “E qualquer que tiver dado só que seja um copo d’água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão” (Mt. 10:42).

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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