(330) – A GLÓRIA DE CRISTO

A   GLÓRIA   DE   CRISTO

            Antes de Jesus Cristo, a glória de alguém se via na humilhação dos vencidos; via-se nos saques e despojos; via-se nos reis, rainhas e princesas submetidos como escravos, após a conquista dos reinos. A glória consistia em ser aclamado e festejado pelo povo. De Davi, as mulheres cantavam: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares”

(I Sm. 18:7).

Os que Jeová amava, enriquecia e glorificava: “A bênção de Jeová é que enriquece, e não acrescenta dores” (Pv. 10:22). O rei Davi cantou, dizendo“Tua é, ó Jeová, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade, porque teu é tudo o que existe no céu e na terra; teu é, Jeová, o reino, e tu te exaltaste sobre todos como chefe. Riquezas e glória veem de diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na tua mão há força e poder; e na tua mão está o engrandecer e dar força a tudo” (I Cr. 29:11-12). Foi Jeová que engrandeceu a Davi. Ele mesmo declarou pela boca de Natã, o profeta: “Assim diz o Senhor deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul, e te dei a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio, e também te dei a casa de Israel e de Judá, e, se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas.” (II Sm. 12:7 e 8). Elifaz, acusando o santo Jó, disse: “Se te converteres ao Todo-poderoso, serás edificado; afasta a iniquidade da tua tenda. Então amontoarás ouro como pó, e o ouro de Ofir como pedras dos ribeiros. E até o Todo-poderoso te será por ouro, e por prata amontoada. Porque então te deleitarás no Todo poderoso, e levantarás o teu rosto para deus. Tu orarás a ele, e ele te ouvirá” (Jó 22:23-27).

Jesus desceu a este mundo enviado pelo Pai, e estabeleceu um novo conceito de riqueza e de glória. Em relação a este mundo, Jesus disse“O mundo não vos pode aborrecer, mas ele me aborrece a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más” (Jo. 7:7). E disse mais“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo. 8:12).Jesus está declarando que este mundo é tenebroso e sem luz alguma. Para sair das trevas o homem precisa segui-lo. O apóstolo João declara que Deus, o Pai, enviou seu Filho, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele (Jo. 3:17). E continua, dizendo: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado” (Jo. 3:18). João declara também que este mundo está no maligno (I Jo. 5:19). Isto quer dizer que, se este mundo está sob o poder do maligno Satanás, a glória deste mundo é conferida por ele, e as riquezas vem dele. Vejamos então qual é o outro conceito de glória e riqueza, estabelecidos por Jesus:

1- Neste mundo tenebroso, onde noventa por cento é constituído de pobres, ter um ou mais palácios, e ter mordomos e servos, é ter glória. Pois Jesus não adotou esse sistema no mundo. Preferiu nascer numa estrebaria em meio aos animais. Esse método usado por Jesus impactou de tal maneira a humanidade, que a glória da manjedoura e da humildade cada vez brilha mais (Lc. 2:1-7).

2- Jesus cresceu e se tornou adulto, e não mudou, pois ele é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente(Hb. 13:8). Quando um escriba, impressionado, disse: “Mestre, onde quer que fores, eu te seguirei. Jesus lhe disse: As raposas tem covis, e as aves do céu teem ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt. 8:19-20). A glória de Jesus era não ter um travesseiro, pois se o tivesse certamente iria repousar por causa da fome e do cansaço, e enquanto dormisse satã iria devorar algumas almas. A seara é grande, e poucos os ceifeiros, pois os homens buscam outro tipo de glória(Mt. 9:37).

3- Tiago e João estavam de olho na glória deste mundo, e fizeram um pedido a Jesus, dizendo:“Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. Jesus lhes respondeu: Não sabeis o que pedis” (Mc. 10:37-38). E lhes ensinou, dizendo: “Sabeis que os que julgam ser príncipes das gentes delas se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas; mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal. E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro será o servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc. 10:42-45). A glória de Jesus era servir, e não ser servido, e essa glória é a única que Deus, o Pai, vê.

4- Os príncipes deste mundo, os exércitos, os grandes empresários, todos usam roupa de gala e colarinho branco. Jesus, procurou de tal maneira se identificar com os desvalidos da sorte, que Isaias diz: “Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens” (Is. 52:14). Isso fez Jesus, e essa foi a sua glória, a glória de entrar na intimidade desses farrapos humanos e salvá-los. Certa vez, ao chegar a uma aldeia de samaritanos, não deixaram que entrasse na aldeia por causa da sua aparência de andarilho. Jesus valorizava o que está dentro das pessoas, não importando a condição social, ao passo que os homens valorizam muito a aparência exterior. A aparência bonita esconde víboras peçonhentas (Mt. 23:2, 33).

5- O conceito de riqueza de Jesus, difere do nosso. Para Jesus a riqueza é a caridade. Um jovem, rico em ouro e bens, aproximou-se de Jesus, e lhe perguntou: “Bom mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? Jesus lhe disse: Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás,” etc. O moço falou“Tudo isto tenho guardado desde a mocidade; que me falta ainda?” Jesus, lhe mostrou que a lei não opera a caridade, dizendo: “Falta-te uma coisa” (Lc. 18:22). E disse-lhe: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus” (Mt. 19:16-21).

Amar os pobres e repartir com eles os bens é grande riqueza. Mas amar o próximo mais do que a mim, a ponto de dar a vida por ele, é muito maior riqueza (I Jo. 3:16). Amar o próximo como a mim mesmo, é repartir os bens, e isso é caridade. Amar o próximo mais que a mim, e morrer em lugar do culpado, não pode ser definido com palavras, mas revela no cristão a glória de Cristo (I Jo. 3:16-17).

Paulo disse: “Já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis” (II Co. 8:9). A riqueza de Cristo são as suas virtudes: Amor, misericórdia, humildade, mansidão, obediência, justiça, espírito de renúncia, etc. A pobreza de Jesus foi deixar a glória, o poder, a força, a imortalidade, isto é, Jesus se fez fraco (II Co. 13:4). E se tornou assim pobre, para que nós, pobres e miseráveis, pudéssemos enriquecer, isto é, chegar a estatura espiritual de Jesus.

Os homens dão muito valor à sua ciência e cultura, e também seus bens. João, entretanto, escreveu no Apocalipse: “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego e nu; aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas” (Ap. 3:17-18).

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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