(029) – A GRANDE BÊNÇÃO

Bênção é a herança dos benditos de Deus – “Vinde, benditos de meu Pai, e possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mat.25:34).  Esta bênção não é hereditária como no Velho Testamento, isto é, o meu filho não herda o reino de Deus porque eu sou de Deus. No Velho Testamento a bênção era hereditária. “Uma vez jurei por minha santidade que não mentirei a Davi. A sua descendência durará para sempre” (Sl.89:35-36).  “E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre” (Ez.37:25).  “E todos os teus filhos serão discípulos de Jeová; e a paz dos teus filhos será abundante” (Is.54:13). “Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes já se ajuntaram e vêem a ti; teus filhos virão de longe, e tuas filhas se criarão ao teu lado” (Is.60:4). Isaque herdou a bênção de Abraão, e Jacó herdou a bênção de Isaque, e José herdou a bênção de Jacó (Gên.28:10-15; 1 Cr.5:2).

Em Gên.49, Jacó, antes de morrer, abençoou seus doze filhos, cabeças das doze tribos de Israel, e a bênção se multiplicou em muitas posteridades. Paulo explica que aquela bênção das posteridades, isto é, hereditárias, não é verdadeira, pois só há uma bênção: A PROMESSA DA VIDA ETERNA NO REINO DE DEUS, ATRAVÉS DE JESUS CRISTO.  “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade. Não diz: E às posteridades, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua posteridade, que é Cristo” (Gal.3:16).

A bênção de Jesus Cristo não é deste mundo. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef.1:3). Essa era para Paulo, a grande bênção. “E bem sei que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da bênção do Evangelho de Cristo” (Rom.15:29). Jesus Cristo não poderia abençoar com bênçãos deste mundo, pois declara que não é deste mundo (Jo.8:23).

A bênção deste mundo é material e dada por Jeová. Abraão, o primeiro a ser abençoado, ficou riquíssimo no Egito, e o preço dessa riqueza foi entregar sua mulher, Sarai, para ser amante de Faraó (Gên.12:10-16). Jeová prometeu que seu povo seria rico ao sair do Egito após 400 anos de servidão (Gên.15:13-14).  A promessa é repetida em Ex.3:22.  Os egípcios, apavorados com a morte de todos os primogênitos, permitiram ser despojados por Israel. “Fizeram pois os filhos de Israel conforme a palavra de Moisés, e pediram aos egípcios vasos de prata, e vasos de ouro, e vestidos, e despojaram os egípcios” (Ex.12:35-36). E o povo de Israel partiu. Os egípcios, sentindo-se roubados e saqueados, partiram atrás de Israel, e Jeová os afogou no mar (Ex.14:15-31).  Foi uma estratégia de Jeová para destruir os egípcios e ser glorificado (Ex.14:17).

Essa bênção de Jeová se tornou maldição, pois com o ouro egípcio, Abraão Aaron fez o bezerro de ouro e Jeová decidiu exterminá-los (Ex.32:1-10). Como pode um Deus dar uma bênção que se torna em maldição? Incrível, mas verdadeiro, pois foi o plano de Jeová para matar uns e outros. Ouro! Jeová deu a Salomão, além da sabedoria, riqueza e glória (1 Rs.3:13). Essa riqueza era alimentada com pesados impostos. Com a morte de Salomão, o povo clamou a Roboão, filho de Salomão, suplicando: “Teu pai agravou o nosso julgo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai, e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos” (1 Rs.12:4). Roboão, seguindo o exemplo de seu pai, o maior sábio do mundo, sabedoria esta, dada por Jeová, disse: “Meu pai vos castigou com açoites, porem eu vos castigarei com escorpiões” (1 Rs.12:11). E o reino se dividiu em dois, e houve guerra.

A riqueza dada por Jeová a Salomão como bênção, foi a maldição para o povo e para o reino. É de estarrecer! As riquezas que Jeová deu a Salomão, foi extorquir um povo sofredor e faminto. E Salomão escreveu um provérbio fantástico. “A bênção de Jeová é que enriquece, e não acrescenta dores” (Pv.10:22). Como Salomão não trabalhou para ganhar a riqueza, escreveu esse provérbio, pois quem sofria as dores era o povo.

Riqueza e saúde eram sinal da bênção de Jeová; doenças, pestes, miséria e escravidão eram sinal da maldição de Jeová. Os três amigos de Jó, não podiam entender a sua desgraça, por isso o acusavam injustamente de pecador (Jó.11:2-6). Por outro lado, os abençoados de Jeová, robustos e ricos, traziam polpudas ofertas por ocasião das festas. O próprio Jeová exigia essas ofertas. “Três vezes no ano todo o varão entre ti aparecerá perante Jeová teu Deus, no lugar que escolher; na festa dos pães asmos, e na festa das semanas, e na festa dos tabernáculos; porém não aparecerá vazio perante Jeová: cada qual, conforme ao Dom da sua mão, conforme à bênção que Jeová teu Deus te tiver dado” (Dt.16:16-17). Um jovem abençoado por Jeová, isto é, riquíssimo, se aproximou de Jesus, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? (Mat.19:16).  Este jovem rico esperava dar uma gorda oferta para obras sociais, ou coisa parecida. Jesus, para surpresa sua, pediu-lhe que renunciasse a bênção de Jeová. Era muita violência da parte de Jesus, pois renunciar a bênção de Jeová seria renunciar Jeová, e o jovem rico renunciou a bênção de Jesus, isto é, a vida eterna, para ficar com o Deus do ouro e da prata (Mat.19:21-24).  A bênção de Jeová era ter muitos filhos e muitas mulheres. Davi teve 17 e Salomão mil. Essa bênção está descrita no Sl.128:1-6. Pois Jesus manda renunciar a família carnal, afirmando que no reino dos céus o parentesco é outro (Mat.12:46-50; Lc.14:26).  Os filhos da carne para Jeová são tão importantes que Jeová faz com que os defuntos gerem filhos, e Jesus manda renunciar os filhos? (Det.25:5-10). A opção para se entrar no reino dos céus, é tão dolorosa que Paulo chama de crucificação da carne (Gal.5:24).

Autoria: Pastor Olavo S. Pereira

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