(199) – A COERÊNCIA DE DEUS – III

A coerência de Deus

Parte 3

No ministério de Jesus no Novo testamento vemos uma coerência deslumbrante. Jesus disse: “Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento” (Mt. 9:13). Os justos estariam automaticamente dentro do plano da graça, mas o amor misericordioso busca também os que estão de fora. Os salvos não necessitam de salvação, mas sim os que se haviam perdido. Por isso Jesus disse: “O Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc. 19:10).

No Velho Testamento as coisas eram diferentes, pois não havia ajuda da parte de Jeová e o pecador era massacrado, como diz Pv. 3:33: “A maldição de Jeová habita na casa do ímpio, mas a habitação do justo ele abençoará”. A primeira incoerência está no fato que ambos são pecadores, como disse Salomão: “Na verdade não há homem justo sobre a Terra, que faça o bem e nunca peque” (Ec. 7:20). Paulo confirma este fato, dizendo: “Como está escrito, não há um justo sequer” (Rm.3:10) e também: “Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm. 3:23). Portanto os “justos” que Jeová abençoava não eram verdadeiramente justos. Ele abençoou Salomão e amaldiçoou Jeroboão, embora os dois tivessem caracteres idênticos (I Rs. 3:11-13; 15:28-30). Jeová não foi coerente nem justo.

O Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo não amaldiçoa ninguém; muito pelo contrário, abençoa a todos. Jesus nos ensinou dizendo… “Ouvistes o que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu porém vos digo: amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos de vosso Pai que está nos céus; porque faz com que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt. 6:43-45). Este Deus, sim, é coerente, pois não faz acepção de pessoas.

Vejamos mais alguns motivos pelos quais está confirmada a incoerência de Jeová, o “deus” do Velho Testamento:

 

  1. Jeová condena os que não discernem entre o bem e o mal…”Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal; que fazem da escuridade luz e da luz escuridade; e fazem do amargo doce e do doce amargo” (Is. 5:20). Porém em outra parte Davi diz que para Jeová que a luz e as trevas são a mesma coisa:“Nem ainda as trevas me escondem de ti, mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa” (Sl. 139:12). Jó andava na luz, como o próprio Jeová testificou (Jó 1:1, 8) e Jeová fez com que Jó andasse em trevas. Tornou a luz em trevas. O profeta Jeremias andava na luz e deixou registrado o seguinte: “Ele me levou e me fez andar em trevas e não na luz” (Lm.3:2). Alguém que proíbe algo que aprova não é coerente. É preciso lembrar que “mal” é “trevas” (Jó 3:19-20).
  2. No Salmo 129:12 vimos que Davi afirmou que para Jeová a luz e as trevas são a mesma coisa. Como entender essa declaração? Moisés explica: “E será que assim como Jeová se deleitava em vós, em vos fazer o bem e multiplicar-vos, assim Jeová se deleitará em vos destruir e vos consumir, e desarraigados sereis da terra a qual tu passas a possuir” (Dt.28:63). O mesmo prazer que Jeová sente em fazer o bem, sente ao fazer o mal. Seria incoerente imaginarmos que Deus pudesse sentir prazer em fazer o mal, mesmo porque no Novo Testamento lemos que Deus, o Pai, é amor….”aquele que não ama, não conhece a Deus porque Deus é amor” (I Jo. 4:8). Paulo diz que “o amor não faz mal ao próximo, de sorte que o cumprimento da lei é o amor (Rm. 13:10). Jeová não cumpre nem a própria lei que deu.
  3. Moisés declara que Jeová é misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência (Ex.34:6). Neemias também afirmou que Jeová é perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-se e grande em beneficência (Ne. 9:17), Por outro lado, Davi afirma que Jeová se ira todos os dias! (Sl.7:11). Quem se ira diariamente não é tardio em irar-se. Jeová forja males contra o seu povo. Se estivesse cheio de amor e de misericórdia forjaria a salvação, mas como passa os dias irado, fica forjando o mal (Jr. 18:10-11). Jeová vigia sobre o mal, isto é, cuida dos mínimos detalhes para que o mal seja completo e destruidor. O profeta Jeremias registrou esse detalhe do caráter de Jeová, dizendo: “Eis que velarei sobre eles para mal e não para bem, e serão consumidos todos os homens de Judá” (Jr. 44:27). Já imaginaram se Jesus lá do céu ficasse forjando males para destruir os homens, e quando os males viessem, vigiasse em todos os detalhes para que o tormento fosse completo? Porém, Jesus passou a eternidade projetando a salvação dos pecadores perdidos…”quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo, imaculado a Deus, o qual purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo” (Hb.9:14).
  4. Jeová declarou a Moisés que é ele quem fez os defeituosos físicos…”e disse-lhe Jeová: Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou quem fez o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, Jeová?” (Dt. 4:11). Jeová escolheu os levitas para serem sacerdotes e ministrarem no santuário (Lv. 21:1-8). E Jeová deu a seguinte ordem a Moisés: “Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua semente nas suas gerações em que houver alguma falta se achegará para oferecer o pão do seu deus, pois nenhum homem onde houver alguma deformidade se achegará; como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, ou homem que tiver pé quebrado, ou quebrada a mão, ou corcovado, ou anão ou que tiver belida no olho, ou sarna, ou impingens, ou que tiver testículo quebrado” (Lv. 21:17-20). Mas como vimos, Jeová declarou a Moisés que é ele quem faz o cego, o surdo, o mudo, etc. Então ele faz um levita aleijado e depois o proíbe de servir no templo? Isso é uma grande incoerência!
  5. Como já vimos no ítem anterior, Jeová declara que é o criador dos cegos, dos surdos e dos mudos, e isto sem que o pai ou o avô tenham pecado! (Dt. 4:11) Jamais o verdadeiro Deus iria admitir que seria o criador dos cegos, surdos e mudos, mesmo porque o ministério de Jesus era justamente curar aquelas enfermidades, como lemos em Mt. 11:5. Sendo assim, o ministério de Jesus é desfazer aquelas obras más e defeituosas de Jeová. Vendo um cego de nascença, os discípulos perguntaram a Jesus: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus. Convém que eu faça as obras daquele que me enviou enquanto é dia” (Jo. 9:1 a 4). E então Jesus o curou (Jo. 9:5-7). Nessa ocasião Jesus desfez aquela obra defeituosa de Jeová e fez a obra daquele que o enviou. Jeová fabricava tanto cegos na carne como cegos espirituais, pois revelou ao profeta Isaías esse “ministério da cegueira” (Is. 6:10; 29:10-12). Por isso o mesmo Isaías lhe disse: “Trazei o povo cego que tem olhos e os surdos que tem ouvidos” (Is.43:8). Jesus, ao contrário, cura os cegos fisicamente e abre os olhos espirituais daqueles a quem Jeová fechou…”Para que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminado os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória de sua herança nos santos” (Ef. 1:17-18).

 

Ao demonstrarmos as incoerências de Jeová diante da coerência do Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, concluímos que não se tratam da mesma pessoa, pois no verdadeiro Deus não há mudança nem sombra de variação (Tg. 1:17). Isto vem confirmar o que Paulo disse acerca de Jesus, que Ele não foi “sim e não”, mas nele houve simplesmente “sim” (II Co. 1:19).   

 

Autoria Pastor Olavo S. Pereira

 

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