(193) – JARDIM REGADO – I

JARDIM REGADO – I

     “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antigüidade; que eu sou deus, e não há outro deus, não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antigüidade as coisas que ainda não aconteceram”  (Is. 46:9-10). Quem está falando é Jeová ou Iavé; ou El Elion, ou El Shaday, ou Adonay, pois todos estes nomes designam o mesmo deus de Velho Testamento.

Vamos estudar a coisa mais antiga que Jeová fez: o jardim de Éden. Leiamos a descrição bíblica. “E plantou Jeová deus um jardim no Éden, da banda do oriente; e pôs ali o homem que tinha formado. E Jeová deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio de Jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. E saía um rio do Éden para regar o Jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços. O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia a terra de Havilá onde há ouro. E o ouro dessa terra é bom; ali há bdélio, e a pedra de sardônica. E o nome do segundo rio é Giom. Este é o que rodeia toda a terra de Cusi. E o nome do terceiro rio é o Tigre; este é o que vai para a banda do oriente da Assíria. E o quarto rio é o Eufrates. E tomou Jeová deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou Jeová deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do Jardim comerás livremente. Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, morrerás” (Gn. 2:8-17). Isto aconteceu mais ou menos 3.360 anos  antes do profeta Ezequiel, que viveu nos dias de Nabucodonosor e do cativeiro do reino de Judá. Pois Ezequiel escreveu o seguinte, da parte de Jeová:“Filho do homem, diz a Faraó, rei do Egito, e a sua multidão: A  quem és semelhante na tua grandeza? Eis que a Assíria era um cedro no Líbano, de ramos formosos, de sombrosa ramagem e de alta estatura, e o seu topo estava entre os ramos espessos. As águas o fizeram crescer, o abismo o exalçou; as suas correntes corriam em torno da sua plantação, e ela enviava os regatos a todas as árvores do campo. Por isso se elevou a sua estatura sobre  todas as árvores do campo, e se multiplicaram os seus ramos, e se alongaram as suas varas, por causa das muitas águas que enviava. Todas as aves do céu se aninhavam nos seus ramos, e todos os animais do campo geravam debaixo dos seus ramos, e todos os grandes povos se assentavam à sua  sombra. Assim era ele formoso na sua grandeza, na extensão dos seus ramos, porque a sua raiz estava junto a muitas águas. OS CEDROS NÃO O PODIAM IGUALAR NO JARDIM DE DEUS; AS FAIAS NÃO IGUALAVAM OS SEUS RAMOS, E OS CASTANHEIROS NÃO ERAM COMO OS SEUS RENOVOS; NENHUMA ÁRVORE NO JARDIM DE DEUS SE ASSEMELHOU A ELE NA SUA FORMOSURA. FORMOSO O FIZ COM A MULTIDÃO DOS SEUS RAMOS; E TODAS AS ÁRVORES DO EDEN, QUE ESTAVAM NO JARDIM DE DEUS, TIVERAM INVEJA DELE” (Ez. 31:2-9).

Como no início da profecia, Jeová disse: “A QUEM É SEMELHANTE FARAÓ E SUA MULTIDÃO NA SUA GRANDEZA? (Ez. 31:2). O final da profecia diz: “A quem pois és semelhante em glória e em grandeza entre as árvores do Éden? Todavia descerás com as árvores do Éden à terra mais baixa; no meio dos incircuncisos jazerás com os que foram traspassados à espada; ESTE É FARAÓ E TODA A SUA MULTIDÃO, DIZ Jeová” (Ez. 31:18).

O capítulo 31 de Ezequiel nos faz a seguinte e fantástica revelação: No tempo dos grandes guerreiros houve o segundo jardim do Éden. Na realidade existiram dois jardins do Éden, e o primeiro, narrado no capítulo dois do livro de Gênesis, foi apenas a figura, ainda que os personagens existiram, assim como o lugar. Jeová disse: “Abrirei a minha boca numa parábola; proporei enigmas da antigüidade” (Sl. 78:2).Ezequiel, o profeta, nos dá a chave para decifrar o enigma. Mas primeiro vamos localizar o Jardim do Éden pela narrativa bíblica.

O primeiro rio, o Pison, é o rio Jordão, que rodeia a terra de Havilá. Havilá  era uma região do lado do Jordão onde Saul venceu os amalequitas  (I Sm. 15:7). Amaleque foi neto de Esaú, filho de Isaque (Gn. 36:12). O segundo rio é o Gion, este é o que rodeia a terra de Cusi que ficava onde é a Etiópia, perto do rio Nilo. O terceiro rio é o Tigre, onde estava  a Assíria. O quarto é o Eufrates, rio que passava por dentro da cidade da Babilônia. A primeira parte do enigma de Jeová, é que os quatro rios que regavam o Jardim do Éden são quatro nações. O Egito simbolizado no rio Nilo ou Gion.  O segundo povo são os cananeus, na terra de Canaã, simbolizado no rio Jordão. O terceiro é o rio Tigre ou a Assíria; e o quarto rio é o Eufrates ou Babilônia, do grande Nabucodonosor.

Analisamos a profecia de Ezequiel, comparando com a narrativa de Moisés em Gênesis, capítulo dois. Assim como no primeiro Jardim havia muitas árvores, no segundo Jardim do Éden, as nações e os reinos eram as árvores do Jardim. A primeira árvore que se destacou, cujo topo sobressaia sobre as outras foi a Assíria, o Cedro de Líbano (Ez. 31:3).

Águas na Bíblia são povos e multidões (Ap. 17:15). Ezequiel diz: “As águas o fizeram crescer, o abismo o exalçou.(Abismo é um buraco negro e sem fundo). O rei da Assíria enviava seus regatos a todas as árvores do campo.(Ez. 31:4). Os regatos eram os exércitos assírios enviados para as conquistas, afim de aumentar o império pela força. As aves do céu se aninhavam nos seus ramos (Ez. 31:6). Aves simbolizam demônios. Jesus é quem no-lo diz na parábola do semeador. “Uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves e comeram-na” (Mt. 13:4). Explicando a parábola, Jesus disse: “Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração, este é o que foi semeado ao pé do caminho” (Mt. 13:19). “O império Assírio cresceu em formosura por causa da extensão dos seus ramos, pois a sua raiz estava junto a muitas águas” (Ez. 31:7). “Nenhuma árvore no Jardim do Eden de deus se assemelhou a Assíria na sua formosura”, isto é, nenhum reino ou nação se assemelhava a Assíria (Ez. 31:8).

Neste ponto Jeová declara: “Formoso o fiz com a multidão dos seus ramos” (Ez. 31:9). Na realidade, o poderio, as conquistas, as mortandades, as crueldades, era tudo obra de Jeová. Assim como ele montou o primeiro Jardim do Éden, e colocou dentro Adão para lavrar e guardar, assim também, no verdadeiro jardim do Éden, colocou Adão, isto é, Israel para lavrar e guardar. Israel é o primogênito de Jeová, e Adão também (Ex. 4:22; Gn. 2:7). Os assírios eram impiedosos e cruéis. O rei vencido ficava de quatro como estrado para os pés do conquistador. Os degolados formavam montanhas de caveiras. Quem lê a história desse povo fica horrorizado. E Jeová declara: “Formoso o fiz com a multidão dos seus ramos” (Ez. 31:9). Depois Jeová pronuncia o Juízo: “Ao som da sua queda fez tremer as nações, quando o fez descer ao inferno com os que descem a cova” (Ez. 31:16).  Uma coisa é um homem se tornar mau porque vive entre os maus; outra coisa é ser criado mau por deus. Assim também, uma nação ou reino se torna guerreiro e impiedoso: outra coisa é ser formado ou criado por um deus impiedoso, cruel e guerreiro. Jeová criou a Assíria, povo cruel, guerreiro, corrompido, idólatra e impiedoso. E Faraó, também, obra das maõs de Jeová, teve o mesmo destino desgraçado  (Ez. 31:18). O apóstolo Paulo nos faz a seguinte revelação:“Deus, nos tempos passados, deixou andar as gentes em seus próprios caminhos” (At. 14:16). Enquanto Jeová manipulava os reinos deste mundo com guerras, pestes, mortandades e destruições, o Deus verdadeiro nada tinha a ver com aquelas barbaridades. Não é maravilhoso?

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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