(429) – A JUSTIÇA DA LEI DE JEOVÁ – II

A JUSTIÇA DA LEI DE JEOVÁ 2

Jeová fala através do profeta Ezequiel, dizendo: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez. 18:20). Este texto concorda com o texto dos livros da lei: “Os pais não morrerão pelos filhos nem os filhos pelos pais; cada qual morrerá pelo seu pecado” (Dt. 24:16).

Falando sobre a conversão do ímpio, Ezequiel fala da parte de Jeová, o mentor da lei, dizendo: “Se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá. De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou viverá. Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o senhor Jeová; não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva?” (Ez. 18:21-23). Que justiça é essa de Jeová? Digamos, hipoteticamente, que o ímpio foi autor de vinte latrocínios, dez estupros, centenas de mentiras, é beberão, violento e egoísta. Deixou vinte viúvas e quarenta órfãos. No final, converte-se a Jeová, e não haverá mais lembranças dos seus crimes porque se converteu a Jeová? O rastro de sangue, de desgraças, de infelicidade, de pranto, tudo é apagado aos olhos de Jeová? Onde está o cumprimento da lei que diz: “Visitarei a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Ex. 20:5). Como entender esse perdão incondicional? O que se converte, o passado é apagado, e o que não se converte Jeová visita iniqüidade até a terceira e quarta geração? Mas a lei foi dada por Jeová para o povo já salvo, para Israel. Por outro lado, se a conversão apaga os crimes passados, isso é um estimulo ao pecado. O individuo peca bastante pois sabe que, se ele se converter, todo o mal cometido é apagado para sempre. Eu conheci um cristão, que sumiu da igreja com seus dezoito anos. Depois de uns dez anos encontrei-o com um charuto na boca, e acompanhado de uma mulher de má reputação. Ao vê-lo perguntei: Que houve com você? Ele respondeu: Quando eu for velho eu me arrependo e volto.

Ezequiel continua, dizendo: “Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniqüidade, fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá” (Ez. 18:24). Que ensinamento podemos tirar destes dois casos?

Primeiramente, no Novo Testamento está escrito: “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer” (Rm. 3:10). Com isto concorda o Salmo 14 que diz: “Jeová olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um” (Sl. 14:2-3). Se não há, e nunca houve um justo, como Jeová fala também que há justos, os quais vivem pela própria justiça?

Em segundo lugar, sobre a vida, lemos o que Paulo escreveu: “Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só – Jesus Cristo” (Rm. 5:17). Paulo explica o mistério da morte espiritual, estabelecida pelo próprio Jeová desde Adão, no Jardim do Edem: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm. 5:12).Paulo está explicando que, desde Adão até Jesus, todos são pecadores, e por isso pecam. E Paulo diz mais: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (I Co. 15:22). E o próprio Jesus disse, quando um discípulos falou: “Senhor, permite-me que primeiramente vá sepultar meu pai. Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos” (Mt. 8:21-22). É doutrina fundamental do Novo Testamento, em todas as igrejas, que todos estão espiritualmente mortos até se converterem a Jesus, por isso Jesus falou: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo. 5:24).

Se todos os homens estavam espiritualmente mortos no tempo de Jeová, isto é, no Velho Testamento, por que Jeová falou que quem pecasse contra a sua lei, morreria? É claro que não se tratava de morte espiritual, pois, como vimos, estavam todos mortos. A morte da qual Jeová falava era a física. Nadabe e Abiu, filhos de Arão, pecaram e morreram imediatamente (Lv. 10:1-2). Jeová matou Er, filho de Judá, porque era mau (Gn. 38:6-7). Jeová matou Onã, filho de Judá, porque também era mau (Gn. 38:8-10).Jeová tapou os ouvidos de Ofni e Finéias para que não ouvissem os conselhos de seu pai, o sacerdote Eli, porque eram maus, e Jeová os queria matar (II Sm. 2:22-25). Uzá foi morto por Jeová porque era fiel, mas segurou a arca do concerto que caía do carro (II Sm. 6:6-7). A arca de Jeová estava nas mãos dos filisteus. Jeová feriu os filisteus com praga de ratos, e terríveis hemorróidas. Vencidos, os filisteus enviaram a arca a Bete-Semes num carro puxado por vacas. Os homens de Bete-Semes olharam, por curiosidade, dentro da arca, e Jeová matou cinqüenta mil deles (I Sm. 6:19).

Matando tanta gente assim, Jeová lhes tirava a chance de passarem da morte para a vida. Se tirava a chance de que alguns deles se arrependerem para serem salvos, é porque não tinha nenhuma intenção de salvá-los. As centenas de milhares que Jeová salvou no Egito por mão de Moisés, matou no deserto. Se matou, tirou a chance de arrependimento, isto porque não queria salvá-los (Hb. 3:17-18). O povo de Israel passava o tempo clamando assim: “Por que, ó Jeová, nos fazes desviar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para que te não temamos? Faze voltar, por amor dos teus servos, as tribos da tua herança” (Is. 63:17). Se Jeová fazia desviar do caminho, queria destruir; se endurecia o coração, é porque não amava, e queria matar. Se deu uma lei que desperta as paixões que matam, enganava para matar (Rm. 7:54; Jo. 1:17).

Mas Deus, que é Pai, e é amor, enviou o seu filho Jesus Cristo só para salvar, nunca para condenar e destruir (Jo. 3:16-17).

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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