(244) – SIM E NÃO

SIM  E  NÃO

         “Como Deus é fiel, a nossa palavra para convosco não foi sim e não. Porque o Filho de Deus, Jesus Cristo, que entre vós foi pregado por nós, isto é, por mim, e Silvano, e Timóteo, não foi sim e não; mas nele houve sim. Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o amém, para a glória de Deus” (II Co. 1:18-20). Estas são palavras de Paulo, e através delas Paulo declara que todas as promessas de Deus são sempre sim em Jesus Cristo, isto é, são irrevogáveis. Vejamos algumas: “quem crer e for batizado será salvo” (Mc. 16:16). Será salvo com certeza, porque Cristo morreu pelos pecados daquele que creu. Está feito e selado. Não tem como mudar o que está feito. Vamos ouvir o apóstolo Pedro, respondendo a alguns que creram e pediram orientação: “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo” (At. 2:38). O dom do Espírito Santo estava prometido em Joel 2:28-29, Lc. 24:49 e At. 1:4-5. Essa promessa, também irrevogável se cumpriu em Atos 2:1-4. Esse Espírito derramado no coração do convertido transforma-o em filho de Deus, por isso Paulo disse: “Recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Abba Pai” (Rm. 8:15). Isso é obra de Deus Pai, através de seu Filho Jesus Cristo que pagou o preço na cruz. Não há como mudar. Está feito. As coisas que Deus faz são sim, e não podem mais ser não.

Paulo, brilhantemente, declara: “Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o amém” (II Co. 1:20).       

         Passeando pelo Velho Testamento, podemos declarar com segurança, que todas quantas promessas há de Jeová, são sim e não, isto é, ele promete, e depois muda. Vejamos algumas:

  1. Jeová prometeu a Abraão que a sua descendência seria multiplicada. “Por mim mesmo jurei, diz Jeová: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua semente como as estrelas do céu; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos” (Gn. 22:16-17). Foi uma promessa irrevogável de Jeová, pois foi feita com juramento. Mas Jeová voltou atrás na promessa e no juramento feito a Abraão, o seu amigo. Ele mesmo declarou o seguinte ao seu povo Israel, depois que o tirou do Egito: “E será que, assim como Jeová se deleitava em vós, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, assim Jeová se deleitará em destruir-vos e consumir-vos” (Dt. 28:62-63). Como pode ser isso? Um deus jogando por terra uma promessa feita com juramento? Quem pode crer nesse deus? Jeová declarou que só vai morar com ele aquele que, mesmo que jure com dano seu, não muda (Sl. 15:4). Neste caso, o homem é superior ao deus Jeová; que jura e depois muda escandalosamente!
  2. Por falar em juramento, leiamos o seguinte. O povo de Israel, perambulando pelo deserto sob a liderança de Moisés e tendo sede e fome, murmurou contra Jeová. Moisés então disse, da parte de Jeová: “Ouvindo pois Jeová, a voz das vossas palavras, indignou-se e jurou, dizendo: Nenhum dos homens desta maligna geração verá esta boa terra que jurei de dar a vossos pais” (Dt. 1:34-35).  Jeová está dizendo o seguinte: Eu juro que aquilo que jurei não vale mais. O que passa a valer é o que estou jurando agora, ou melhor, aquele juramento foi falso.
  3. Antes de entrar na terra prometida, Moisés enviou doze homens para espiar a terra de Canaã, um homem de cada tribo. Dez deles voltaram acovardados e envenenaram o povo. Dois, somente dois, Josué e Calebe, se mostraram dispostos a enfrentar os gigantes que habitavam a terra. O povo, porém, murmurou contra Moisés e contra Arão. Começam uma rebelião para voltar ao Egito. Jeová, agastado com o povo diz a Moisés: “Com pestilência os ferirei e os rejeitarei; e farei de ti um povo maior e mais forte” (Nm. 14:12). Moisés intercedeu pelo povo de forma convincente, e exigiu que Jeová perdoasse o pecado. Jeová então disse:  “Conforme a tua palavra perdoei” (Nm.  14:13-20). Mas depois matou todos, de vinte anos para cima. Somente dois se salvaram: Josué e Calebe. Que perdão esquisito. Perdoa e depois mata. Então não perdoou (Nm. 14:21-30). Acontece que Jeová é sim e não. Nada é definitivo a não ser o mal. No livro de Judas lemos o seguinte: “Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo Jeová salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram” (Jd. 5). Em outras palavras, diz que salvou mas não salvou, pois se estivessem salvos não seriam destruídos. Jeová começa com um sim e acaba com um não.
  4. Jeová desposou Israel. Ele mesmo declara isso. “Passando eu por ti; vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores: e estendi sobre ti a ourela do meu manto, e cobri a tua nudez, e dei-te juramento, e entrei em concerto contigo, diz Jeová, e tu ficaste sendo minha” (Ez. 16:8). Jeová só foi perceber que casou com uma meretriz depois de casado. E acusa sua mulher de prostituir-se com o Egito (Ez. 16:26) e com os filhos da Assíria (Ez. 16:28). Chamou-a de adúltera (Ez. 16:32-33). E Jeová, o marido traído, se divorcia. É o que diz Isaías, o profeta (Is. 50:1). Jeremias também relata com detalhes esse divórcio divino (Jr. 3:6-10). Um homem pode casar com uma meretriz sem o saber, pois é homem, e pode ser enganado. Mas Jeová que afirma que seus olhos vêem tudo? Ele sabia que a mulher não era boa, e declara isso em Isaías 48:6-8. Quando um homem sabe que a mulher é meretriz e casa com ela por amor, não a deixa. Mas Jeová casou sem amar e sabia quem era a mulher (Ez. 23:1-4; Jr. 23:24). Jesus é diferente de Jeová. Só vai casar no fim, na sua volta. Paulo o diz em II Co. 11:2. Mas Jeová disse sim no altar, e depois disse não longe do altar.
  5. Israel é uma vinha plantada por Jeová. “Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como pois te tornaste para mim uma planta degenerada? (Jr. 2:21). Como lemos emEz. 16:1-6 e 23:1-4, ficamos sabendo que a semente era contaminada desde o ventre (Is. 48:6-8). É claro que aquele povo necessitava de cuidados especiais para vingar. Sabendo disso Jeová declara que guarda a sua vinha em cada momento, regando, para que ninguém lhe faça dano (Is. 27:2-3). Mas isso não é verdade. Ezequiel revela que a videira foi destruída (Ez. 19:10-14). E foi o próprio Jeová, o mesmo que declarou guardar a vinha, que a destruiu (Is. 5:5-7). Jeová destruiu porque  pecaram (Is. 5:1-4).

Tudo bem. Comparemos com Jesus.

Jesus, em vez de destruir os pecadores, deu a vida por eles (Gl. 1:4; Rm. 4:25; I Pd. 2:24; I Tm. 1:15). O pecador culpado, o ladrão assaltante, a meretriz e a adúltera, o sodomita, o homicida, o perverso, crendo em Cristo, seus pecados são cobertos pelo sangue da cruz. Com Jeová estava condenado. Mas o condenado antes do juízo final, deixa de ser condenado, crendo em Cristo (Jo. 3:18). E Jesus não muda como Jeová. “Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o amém para a glória de Deus por nós” (II Co. 1:20). Jesus não é sim e não. E no sermão da montanha declarou: “Seja o vosso falar sim sim, não não, porque o que passa disso é de procedência maligna (Mt. 5:37).  E os perdoou.

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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