(115) – AS DUAS CASAS

Casa é família ou linhagem. Quando dizemos: Vou à casa de fulano, incluímos toda a família. A casa de Davi era o reino de Israel. José, marido de Maria era da família de Davi e da casa de Davi, isto é, o reino de Israel (Lc. 2:4). A casa de Davi é a mesma casa de Jacó, pois são a mesma linhagem. “Ouvi a palavra de Jeová, ó casa de Jacó, e todas as famílias da casa de Israel” (Jr. 2:4). “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz de Jeová” (Is. 2:5). O nome de Jacó foi mudado para Israel, por isso a casa de Jacó é a mesma casa de Israel, ou reino de Israel (Gn. 32:28). Mil anos após a morte de Jacó, Jeová continuava chamando o povo de Israel de Jacó. “Não temas, ó bichinho de Jacó; povozinho de Israel; eu te ajudo, diz Jeová, e o teu redentor é o santo de Israel” (Is. 41:14).

A carta aos Hebreus fala de duas casas diferentes, revelando que a casa espiritual do Velho Testamento não é a mesma casa espiritual do Novo Testamento. São, portanto, duas casas diferentes em essência e em objetivos. Leiamos o texto: “Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa” (Hb. 3:1-2).

É interessante. Quem edificou a casa de Israel foi Moisés, e assim a casa de Israel foi chamada de casa de Moisés (Hb. 3:5). Moisés, era, portanto, a base da fé dos judeus (Jo. 5:45). Qualquer pessoa que quiser firmar a fé no Velho Testamento tem de ter como cabeça Moisés e não Cristo, pois faz parte da casa de Moisés.

Continuando a analisar a carta aos Hebreus: “Porque Jesus é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou” (Hb. 3:3). Este texto fala de duas glórias; uma maior, que é a de Cristo, e outra menor, a de Moisés. A glória da casa de Moisés era a glória do ministério da morte e a glória da lei de Jeová, gravada em pedras. Era também a glória do ministério da condenação (2 Co. 3:7-9). A glória de Moisés existiu em função da casa que edificou. A glória de Jesus, muitíssimo maior, existe em função da casa que edifica. O alicerce da casa de Moisés é a lei e os profetas, e o alicerce da casa de Jesus é o amor, pois o amor ofusca a lei, por isso Paulo disse: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm. 13:8). A lei maior, que é a do amor, faz naufragar a lei menor, que é a da vingança. “Um novo mandamento vós dou; que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vós ameis” (Jo. 13:34). Com este único mandamento, Jesus acabou com a lei e os profetas, por isso Paulo nos diz que o Velho Testamento foi abolido, isto é, caiu a casa de Moisés pela força da chuva, pela inundação dos rios, e pela violência dos fortes ventos (Mt. 7:26-27).

Quando Moisés desceu do monte, tinha um véu sobre o rosto, para que os filhos de Israel não olhassem para aquilo que é transitório; isto é, a casa de Moisés não era permanente. Jesus subiu a um alto monte, e transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandecia como o sol, e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz, e eis que apareceram Moisés e Elias falando com ele (Mt. 17:1-3). A glória da morte e da condenação estava oculta debaixo de um véu, mas a glória da graça, do amor do Pai e da vida eterna já não precisa de véu, pois deve ser vista por todos.

Os apóstolos ouviram uma voz do céu dizendo: “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo, a ele ouvi” (Mt. 17:5; Lc. 9:35). Com estas palavras, o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo declarou que, os da casa de Cristo não têm de ouvir a lei e os profetas, mas o Evangelho de Jesus, por isso Lucas disse: “A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus” (Lc. 16:16). Não é preciso estudar teologia para entender que o reino de Deus está fora do Velho Testamento.

Em Hb. 3:4 lemos que toda a casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. Sendo deus o edificador, a casa é de Deus, e assim Jeová deus declara que a casa de Israel é a sua casa e não a casa de Moisés. “Meu servo Moisés é fiel em toda a minha casa” (Nm. 12:7). “Porque, como o cinto está ligado aos lombos, do homem, assim eu liguei a mim toda a casa de Israel, e toda a casa de Judá, diz Jeová, para me serem por povo, e por nome, e por louvor, e por glória; mas não me deram ouvidos” (Jr. 13:11).

Acontece que a casa de Jesus é própria, e não foi edificada por Deus (Hb.3:6); e assim Jesus é autor e consumador da salvação e da fé (Hb.12:2); temos portanto duas casas: a de Jeová, edificada por Moisés como servo, e a casa de Jesus Cristo, edificada pelas suas próprias mãos (Hb. 3:5-6).

A casa de Moisés, isto é, de Jeová, está simbolizada na Jerusalém da terra; e a casa de Jesus está simbolizada na Jerusalém celestial, pois o reino de Jeová é terreno e o de Jesus é celestial (2 Tm. 4:18).

O contexto do capítulo três da carta aos Hebreus gira em torno das duas casas: a de Moisés, e a de Jesus. Continuando a leitura, lemos que a casa de Jeová caiu no deserto quando Jeová disse: “Jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso” (Hb. 3:11). E a casa caiu no deserto (Hb. 3:17). Não durou mil anos pois acabou no ano 600 a.C.

A casa de Jesus, isto é, a Igreja, permanece em pé por dois mil anos. A casa de Moisés ruiu porque estava edificada sobre a lei, e Paulo diz: “Nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm. 3:20). “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, obravam em nossos membros para darem fruto para a morte” (Rm. 7:5). “Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei” (1 Co. 15:56).

Com este fundamento da lei, a casa de Jeová estava predestinada a ruína, e é o que aconteceu. E quem quiser voltar às fábulas para se firmar no fundamento da morte e da condenação, já começa caído.

Autoria Pastor Olavo S. Pereira

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