(104) – AS LEIS DA GUERRA

As leis das guerras entre os povos primitivos eram terríveis. Uma cidade era sitiada pelos exércitos inimigos um ano, dois anos, até que o povo ficasse enfraquecido pela fome e pela sede. Então os muros da cidade eram arrombados, tudo queimado a fogo, os varões passados a fio de espada, os príncipes, e os nobres, e os que escapassem da morte eram acorrentados nas galés para remar até morrer, ou afundar com o navio. Então os reis e generais voltavam vitoriosos, trazendo o rei, a rainha e os filhos acorrentados, carros carregados de ouro e prata, especiarias, e tudo o que tem valor. As mulheres faziam parte do despojo para os soldados, e vinham atrás. A glória do rei era aclamada com cânticos e danças durante o desfile macabro. Para o general romano Pompeu, ao voltar das conquistas, dois dias eram poucos para o desfile glorioso; na frente iam cartazes que continham os nomes das nações onde triunfou, e eram: o reino do Ponto, a Armênia, a Capadócia, a Paflagônia, a Média, a Cólquida, as Hiberianas, as Albânias, a Síria, a Sicília, a Mesopotâmia, a Fenícia, a PALESTINA, a JUDÉIA, a Arábia; foram conquistados mil castelos, novecentas cidades e fortes; oitocentos navios de corsários. Em dinheiro, oito milhões de escudos, ouro, prata, anéis e jóias, sem contar o que havia distribuído aos soldados. Nesse desfile magnificente estavam o filho de Tigranes, o rei dos judeus, Aristóbulo, a irmã de Mitridates com cinco de seus filhos, algumas damas da Cítia, os reféns das hiberianas e das Albânias e do rei dos comagenos, e um sem número de troféus. Este foi o terceiro triunfo de Pompeu, pois obteve três grandes triunfos. A primeira vez na África, a segunda na Europa e a terceira na Ásia. Conquistou o mundo com menos de 34 anos. Eram essas as leis das guerras, tanto dos outros povos como as dos romanos e gregos.

Era de se esperar que Jeová, o rei da glória e da santidade (Is. 42:8; Lv. 19:2), criasse algo novo, novas leis, novos princípios compatíveis com a sua glória e santidade (Is. 57:15). Jeová falou: “As primeiras coisas são passadas, e novas coisas vos anuncio” (Is. 42:9). “Desde agora te faço conhecer coisas novas e ocultas, que nunca conheceste” (Is. 48:6). Vamos saber uma das coisas novas anunciadas por Jeová:

Jeová é o deus da guerra, por isso se intitula “O Senhor dos Exércitos” (Ex. 15:3; I Sm. 17:45). Jeová tem um livro secreto com o nome dos reis que odeia para fazer-lhes guerra. “Pelo que se diz no livro das guerras de Jeová” (Nm. 21:14). Certamente no livro secreto de Jeová estavam os nomes dos sete reis cananeus que deveriam ser destruídos por Israel. “Porquanto de Jeová vinha, que os seus corações se endurecessem, para sair ao encontro de Israel na guerra, para os destruir totalmente, para se não ter piedade deles; mas para os destruir a todos, como Jeová tinha ordenado a Moisés” (Js. 11:20). Nesse livro dos jurados de morte estavam os amalequitas. “Porquanto jurou Jeová; haverá guerra de Jeová contra Amaleque de geração em geração” (Ex. 17:16). Os anjos de Jeová são todos guerreiros. De uma feita, um anjo matou 185.000 assírios (2 Rs. 19:35). É Jeová que promove as guerras. Jeová trouxe os exércitos assírios conquistando todos os reinos e chegando à Israel, os levou cativos (Is. 8:7, 8). Foi Jeová quem levantou Nabucodonosor na guerra, e entregou nas suas mãos todas as nações como escravas tributárias (Jr. 27:3-8). Foi Jeová quem levantou os medos e persas contra os caldeus para destruí-los totalmente (Is. 13:13-19).

         Jeová considerava  o reino de Judá como o seu martelo e arma de guerra. Com o seu povo Jeová pretendia despedaçar as nações e seus reis (Jr. 51:20). O Messias de Jeová devia reinar dobre os reinos deste mundo com vara de ferro, despedaçando-os (Sl. 2:8-9).  Jeová, como deus guerreiro e violento, estabeleceu as leis da guerra para o seu povo. Inicialmente Jeová exorta o seu povo a não temer o inimigo, mesmo sendo em maior número, pois Jeová vai à frente do exército para garantir a vitória (Dt. 20:1-4). No Novo Testamento lemos que Deus, o Pai de Jesus Cristo, nunca se envolveu com tais guerras (At. 14:15-16). No Velho Testamento havia quatro situações que desobrigavam um homem de ir à guerra: o que edificou casa e não a consagrou, o que plantou uma vinha e ainda não colheu frutos, o que desposou uma mulher e não a recebeu, e por último, os covardes e medrosos, para não influenciar mal os outros (Dt. 20:5-8).

         “Quando o exército de Jeová, isto é, Israel, cercarem alguma cidade, proporá a paz. Se a tal cidade aceitar as condições de paz, e abrir as portas, todo o povo desta cidade será tributário e servo (Dt. 20:9-11). Porém, se ela não fizer paz contigo, mas antes te fizer guerra, então a sitiarás, e Jeová teu deus a dará na tua mão; e todo o varão que houver nela, passarás a fio de espada, salvo somente as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu Jeová teu deus” (Dt. 20:9-14).

Analisando por alto, esta lei  foi dada por um deus que “não faz acepção de pessoas” (Dt. 10:17). Se a cidade aceita a paz, é escravizada e paga tributo. Se não aceita a paz, Jeová entrega a cidade para ser saqueada, e todos os varões são passados a fio de espada?

E esse deus é amor, como lemos em 1 Jo. 4:7-8???

É fácil perceber que Jeová deu ao seu povo uma lei semelhante à dos povos bárbaros, dominadores, tirânicos e cruéis.

Comparando com o Novo Testamento, o plano do verdadeiro Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo não é roubar, matar e destruir (Jo. 10:10), mas salvar a todos em todo o universo (Mc.16:15-16).

No Velho Testamento as mulheres, as virgens e as crianças faziam parte do despojo. Era uma verdadeira feira de almas humanas, como se não tivessem sentimentos. As leis de guerra de Jeová são mil vezes inferiores às dos homens, pois os homens são meio animais e selvagens, mas Jeová se intitula deus. O pior é que João afirma no seu Evangelho que o amor de Deus é tão grande, tão imenso, que enviou seu unigênito Filho para salvá-los e não para condená-los (Jo. 3:16-17). 

 

Autoria Pastor Olavo S. Pereira

 

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