(354) – O VENTRE DE SATANÁS

O  VENTRE  DE  SATANÁS

        Jeová declarou a Faraó que Israel era o seu filho primogênito (Ex.4:22). Isto quer dizer que antes de Israel, Jeová não teve filhos. Sobe-nos ao pensamento como foi gerado esse filho? O primogênito de Jeová foi gerado no Egito. Essa gestação foi anunciada a Abraão. Jeová lhe disse: “Saibas, de certo, que peregrina será a tua semente em terra que não é sua, e servi-los-ão; e afligi-los-ão quatrocentos anos; mas também eu julgarei a gente, a qual servirão, e depois sairão com grande fazenda” (Gn.15:13-14). A terceira geração depois de Abraão, por causa de uma grande fome, foi obrigada a ir ao Egito. Aconteceu da seguinte maneira: José, tendo sido vendido por seus irmãos, por mercê de Jeová, acabou como senhor do Egito, pois ao interpretar o sonho de Faraó, caiu nas suas graças (Gn.41:38-46).

Jacó chegou ao Egito, a chamado de José, com setenta almas, e já velho, pois tinha cento e trinta anos (Gn.46:27; 47:9). Quando seu pai chegou ao Egito, José tinha trinta e nove anos. Como sabemos isso? Quando José foi elevado sobre o Egito tinha trinta anos (Gn.41:46). A interpretação do sonho de Faraó, à respeito das sete vacas gordas e sadias, e depois as sete vacas magras e feias, que devoraram as gordas, José declarou a Faraó o sentido do sonho, que eram sete anos de fartura no Egito, seguidos de outros sete anos de fome. As vacas magras devorando as gordas, era os povos ao redor, indo ao Egito em busca de comida, e passando para Faraó todo o seu ouro, depois suas terras, e por fim servindo como escravos, por comida. Quando Jacó tinha cento e trinta anos, José declarou que sete anos de fartura se tinham passado, e mais dois de fome, que somados aos trinta que tinha ao assumir autoridade no Egito, perfazem trinta e nove anos (Gn.45:6). Como José morreu com cento e dez anos (Gn.50:26)Israel começou a se multiplicar por setenta e um anos, que foi o tempo decorrido até a morte de José. Nesses setenta anos o povo viveu e absorveu aos maus costumes do Egito. Ali, vivendo debaixo dos favores de Faraó, o povo se corrompeu. Depois da morte de José, levantou-se outro Faraó. Como o povo de Jeová se multiplicou e se fortaleceu, Faraó começou a oprimir o povo. A opressão durou oitenta anos, que foi a idade com a qual Jeová chamou Moisés, dizendo“Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do jebuzeu” (Ex.3:7-8).

O Egito, no tempo de José, era festa, fartura, corrupção e idolatria. Após a morte de José, o Egito se tornou o próprio inferno. ESSE FOI O VENTRE QUE GEROU O FILHO PRIMOGÊNITO DE JEOVÁ. Quem tem ventre para gerar filhos é a mulher, assim o Egito foi a mulher que deu à luz a Israel. Quem era o marido dessa mulher? Era Faraó. E o próprio Jeová declara em alto e bom som quem é Faraó na linguagem espiritual, pois Jeová fala por enigmas (Sl.78:2). E falou pela boca profética de Ezequiel:“Assim diz o Senhor Jeová: EIS-ME CONTRA TI, O FARAÓ, REI DO EGITO, GRANDE DRAGÃO, QUE POUSAS NO MEIO DOS TEUS RIOS, e que dizes: O meu rio é meu, e eu o fiz para mim” (Ez.29:3).

Se Faraó personifica o diabo e Satanás, que é também o dragão, o Egito era a mulher do dragão, isto é, Satanás. Assim, o primogênito de Jeová foi gerado no ventre de Satanás. Olhem só onde foi gerado o filho primogênito de Jeová: SATANÁS! É por isso que Jeová, referindo-se ao seu povo Israel, declara: “Nem tu as ouvistes, nem tu as conhecestes, nem tão pouco desde então foi aberto o teu ouvido, porque eu sabia que obrarias perfidamente, e que eras prevaricador desde o ventre” (Is.48:8; 44:2). 

A grande incoerência está em que Jeová anunciou a Abraão, quatrocentos anos antes o que ia acontecer, logo foi projeto de Jeová. Esse projeto incluía educar o seu povo na corrupção, na prostituição, na idolatria e na escravidão. Depois arranca o povo do Egito e o proíbe de praticar as obras do Egito? Jeová mandou Moisés dar a seguinte ordem ao povo, depois que saiu do Egito: “Eu sou Jeová, vosso deus. Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes” (Lv.18:2-3).O povo viveu cento e cinqüenta anos debaixo daquela sociedade corrupta, e teria de mudar em trinta dias? Ora, se os cristãos com vinte, trinta, cinqüenta anos de vida cristã afirmam que é impossível viver sem pecar, e tendo o Espírito Santo como ajudador, o que se esperaria de um povo, cristalizando maus hábitos por cento e cinqüenta anos, e não tendo o Espírito Santo? Sem chance. Jeová, entretanto, continuava a exigir fidelidade, e atormentava o povo com doenças, pestes e terror (Lv.26:16).

O comportamento desse deus é sádico. Colocou o povo num lugar de degeneração conscientemente, e depois atormenta-os porque não conseguem mudar.

Outra incoerência daquele deus é o fato de se declarar contra Faraó. Ele, Jeová, declara que sabe o futuro, pois disse: “Eu anuncio o fim desde o princípio, e desde a antigüidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade” (Is.46:10).

Jeová poderia terra levado José para um lugar que fosse o ventre de Deus, e não o ventre de Satanás, pois é o todo poderoso El Shaday, que diz: “Operando eu, quem impedirá?” (Is.43:13). Ao levar seu povo para o Egito não o queria santo, mas imundo, e depois de usar o dragão, isto é, Faraó, diz: “Eis-me contra ti, Faraó, grande dragão”. Fabrica um dragão e se diz contra o mesmo?

Mudemos de assunto. Jesus desceu ao abismo de Jeová (Sl.104:5-6), para libertar o povo de Israel do terrível e tenebroso jugo a que foi lançado; estabelece a sua Igreja, que é o seu ventre, e onde são geradas as novas criaturas por obra do Espírito Santo. Jesus pregou dizendo: “Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo.3:3). Os espíritas usam essa passagem para afirmar o fenômeno da metempsicose ou transmigração da alma, isto é, a alma de alguém que morreu encarna em outro ser que está sendo gerado no ventre de alguma mulher, e nasce de novo (Jo.3:4).Mas o que Jesus está revelando é outra coisa. A mulher a quem Cristo se refere é a Igreja. Leiamos as palavras de Paulo: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja” (Ef.5:25). “Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério: digo-o, porém, a respeito de Cristo e da Igreja” (Ef.5:31-32).Sendo assim, o ventre onde são gerados os filhos de Deus está na casa onde se reúnem os crentes. Do púlpito é lançada a semente de Deus que é a sua palavra (Lc.8:11). A semente fecunda o coração do ouvinte, e ele é novamente gerado de semente incorruptível (I Pd.1:23). Para o novo nascimento a que Cristo se refere não ocorre a morte física, mas a morte espiritual simbolizada no batismo (Rm.6:3-6).

A diferença do ventre no qual Jeová gerou o seu filho primogênito, e o ventre no qual Jesus traz à luz os filhos de Deus e tão grande, que vai do inferno ao céu. O ventre da esposa de Jesus, que é a sua Igreja, dá à luz filhos puros e santos, porque Jesus lava seus pecados pelo seu sangue, derramado na cruz (Ap.1:5; Ef.4:22-24).

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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