(273) – O AMOR DE DEUS – III

O AMOR DE DEUS 3

 

Quanto mais desprezado; quanto mais pisado; quanto mais humilhado; mais o ser humano carece de amor. O povo de Israel estava cansado da opressão egípcia e do pesado jugo. Pagavam pesados tributos, e edificaram as cidades de Pitom e Ramesses debaixo de grande aflição. As crianças do sexo masculino eram mortas para evitar a multiplicação do povo (Ex. 1:8-14; 1:22). O povo clamava aos céus. Então Jeová falou com Moisés, e disse: “Tenho visto atentamente a aflição do meu povo. Tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores” (Ex. 3:7).

Jeová então lhes faz uma promessa, dizendo: “Eu desci para livrá-los da mão dos egípcios, e para fazê-los subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel” (Ex. 3:8). O povo sentiu amor nessas palavras caídas do céu e ficou maravilhado com o amor e cuidado de Jeová. Moisés, com o poder de Jeová e das pragas, libertou o povo e os levou ao Monte Sinai.

Lá, Jeová ditou os dez mandamentos do meio das trevas e de uma terrível tempestade, e também de um barulho infernal. O quadro era tão tenebroso que o próprio Moisés tremia assombrado (Hb. 12:18-21). O povo, mais apavorado que Moisés, clamou dizendo: “Fala tu conosco e ouviremos; e não fale deus conosco, para que não morramos” (Ex. 20:19). No primeiro diálogo, o povo sentira amor por causa das promessas. Neste segundo diálogo, ameaças, pois logo no segundo mandamento Jeová promete visitar o mal dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração. Quem trabalhasse no sábado, mesmo por necessidade, seria apedrejado (Ex. 20:4-6; Nm. 15:32-36). O povo, com fome e sede, mas já apavorado com o outro lado da moeda de Jeová, murmurava baixinho. Então Jeová encolerizado, quando estavam com a comida ainda na boca, matou os escolhidos de Israel (Sl. 78:18-31). Eles se sentiram como a mulher enganada. Antes do casamento, promessas de glória. Após o casamento pancada. Aquele pobre povo, castigado pela servidão do Egito, não conheceu o amor de Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. O próprio Jeová declara que colocou uma servidão comparável com a servidão dos tiranos deste mundo. “Vendo, pois Jeová, que se humilhavam, veio à palavra de Jeová a Semaías, dizendo: Humilharam-se, não os destruirei; antes em breve lhes darei lugar de escaparem; para que o meu furor se não derrame sobre Jerusalém, por mão de Sisaque. Porém sendo seus servos, para que conheçam a diferença da minha servidão e da servidão dos reinos da terra” (II Cr. 12:7-8). O apóstolo Pedro declara que o povo de Israel não suportou a servidão dos reinos de Jeová (At. 15:1-10). E o Espírito Santo concordou com a opinião de Pedro (At. 15:28).

Vamos então continuar analisando a grandeza do amor de Deus, narrado por Paulo em I Co. 13:4-7. O verso quatro foi analisado no Folheto nº 2. Agora analisaremos o verso cinco, que diz: “O amor não se porta com indecência, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal”.

  1. Jeová pregava uma moral super elevada. O sacerdote não podia casar com uma mulher repudiada, viúva, desonrada ou prostituta, mas somente com as virgens do seu povo (Lv. 21:14). Se a mulher repudiada casasse pela segunda vez e este novo marido viesse a falecer, o primeiro, que a repudiou não podia mais tornar a tomá-la (Dt. 24:1-4). Os adúlteros eram apedrejados (Lv. 20:10).Mas Jeová obrigou Isaías, o profeta a andar nu e descalço durante três anos, para simbolizar a desgraça do Egito e da Etiópia, que, vencidos por Sargão, rei da Assíria, iriam em cativeiro, nus e com as nádegas de fora (Is. 20:1-4). Ora, se Jeová fez Isaías andar nu três anos antes, foi o autor da nudês do Egito e da Etiópia. Com que finalidade? Não salvou nenhum. Foi só par mostrar as nádegas deles? Isso é uma indecência. Um outro caso sucedeu a Oséias, que foi obrigado por Jeová a casar com uma prostituta, da qual teve três filhos de prostituição, para simbolizar os pecados de Israel (Os. 1:2-9). O que Oséias, o profeta fez daqueles filhos? E o que fez da mulher prostituta mãe de seus filhos? Foi mais uma indecência de Jeová. Quando Davi começou a reinar em lugar de Saul, a quem Jeová odiava, este lhe deu as mulheres de Saul para cumprir as maldições (II Sm. 12:7-8; Dt. 28:30; Jr. 8:10). Indecências de Jeová. Davi, carnal, cometeu um adultério vergonhoso com Bat-Seba, mulher de Urias, o heteu, e Jeová promete, como castigo, entregar suas mulheres ao seu próxmo (II Sm. 12:11). Tinha Davi, além das dezessete mulheres, dez concubinas, que deixara para guardar sua casa (II Sm. 20:3). Estas Jeová entregou a Absalão, filho de Davi, num espetáculo público e indecente (II Sm. 16:21-23). E basta de indecência. O amor, porém, “não se porta com indecência” (I Co. 13:5).
  2. O amor não busca os seus interesses. O interesse coloca o sujeito na frente de todas as coisas, por isso o interesse é egoísta. Jeová disse: “Quando Israel era menino, eu o amei” (Os. 11:1). NoSalmo 78:59 declara que odiou Israel. Porque essa tão brusca mudança? INTERESSE, pois Israel não correspondeu aos seus planos. Outra declaração de Jeová diz: “A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória” (Is. 43:7). Israel foi criado para que a glória de Jeová fosse manifestada, logo, houve interesse particular de Jeová em criá-los. Puro interesse. Diferente de Jesus, que deu a vida para salvar os pecadores perdidos, e não buscava glória alguma (Gl. 1:4; Jo. 8:50). Jeová formou um reino para ser o rei. Lá no Sinai, antes de pronunciar a lei, disse: “Vós me sereis um reino sacerdotal e um povo santo” (Ex. 19:6). Setecentos e setenta e sete anos mais tarde, falou pela boca de Isaías: “Eu sou Jeová, vosso santo, criador de Israel, vosso rei. Israel era o trampolim para Jeová reinar sobre todas as nações. Davi sabia dos planos de Jeová e disse:“O reino é de Jeová, e ele domina entre as nações” (Sl. 22:28). O salmista disse: “Jeová reina; tremam as nações” (Sl. 99:1). E Jesus declarou: “O meu reino não é deste mundo” (Jo. 18:36). Paulo confirma isso em II Tm. 4:18. Pedro também (I Pd. 1:3-4). Jeová reina pela violência (Ez. 20:33). E Jesus reina pelo amor (Cl. 1:12-13).
  3. O amor não suspeita mal. Que quer dizer suspeitar mal? É crença desfavorável, acompanhada de desconfiança. É duvidar da honestidade de alguém sem provas. Suspeitar é conjeturar, supor, imaginar que há uma trama, ou infidelidade. Jeová suspeitou do seu próprio povo, dizendo: “E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual Jeová teu deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te tentar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos ou não” (Dt. 8:2). Quem suspeita mal, procura por a prova o outro, para confirmar a suspeita. Jeová faz isso porque não ama. Quem ama não suspeita mal ainda que haja motivo.

Ezequias foi um ótimo rei, pois mandou de início purificar o templo (II Cr. 29:3-6). Depois Ezequias restabelece o culto a Jeová (II Cr. 29:31-34). Ezequias convoca todo o povo para celebrar uma grande páscoa; e incentiva o povo à conversão a Jeová (II Cr. 30:1-9). Foram sete dias de festa (II Cr. 30:21). Ezequias regula as turmas dos sacerdotes e levitas (II Cr. 31:2). Nessa atmosfera de alta espiritualidade do povo, Senaqueribe, rei da Assíria, invade Judá. Ezequias ora a Jeová, e este manda um anjo que matou 185.000 assírios (II Rs. 19:35). Depois disso, o rei da Babilônia enviou mensageiros com presentes para Ezequias (II Rs. 20:12-13). Jeová desconfiou de Ezequias e levantou suspeita sobre sua fidelidade. O caso foi assim: “Contudo, no negócio dos embaixadores dos príncipes de Babilônia, que foram enviados a ele, a perguntarem acerca do prodígio que se fez naquela terra, Jeová o desamparou, para tentá-lo, para saber tudo o que havia no seu coração” (II Cr. 32:31). Depois de tudo o que Ezequias fez, reparando e purificando o templo, restaurando o culto a Jeová, colocando em ordem os levitas e sacerdotes para ministrar no santuário, levantar suspeitas acerca da sua honestidade e fidelidade é demais. Mas o amor não suspeita mal.

 Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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