(337) – TODO PODEROSO – IV

TODO   PODEROSO   4

            O chefão é o manda chuva. Na Itália, a máfia tinha um chefão, que a comandava. A lei era severa. Pisou na bola morria. Não havia acordo. Quando havia duas quadrilhas fortes, uma guerra sem tréguas decidia quem seria o chefão. O chefão é o todo poderoso. Desafiado o todo poderoso chefão, a vingança era cruel e impiedosa.

Jeová libertou Israel do Egito com grandes promessas, pois o povo gemia debaixo de um jugo de ferro. A promessa era levar o povo à uma terra boa e fértil, um lugar de paz e repouso. A promessa foi assim: “E disse Jeová a Moisés: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as usa dores. Portanto, desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do jebuseu” (Ex. 3:7-8). O povo creu e saiu do Egito pela mão de Moisés. Jeová os tirou com grandes pragas, e eles não tiveram olhos para ver, que aquele deus ia fazer com eles o que fez com os egípcios. Primeiro Jeová fez promessas para tirá-los do Egito; depois lhes deu leis dizendo: Se vós quebrardes minhas leis, trarei sobre vós todos os males do Egito. O texto diz: “Então, Jeová fará maravilhosas as suas pragas e as pragas de tua semente, grandes e duradouras pragas, e enfermidades más e duradouras. E fará tornar sobre ti todos os males do Egito, de que tu tiveste temor; e se apegarão a ti” (Dt. 28:59-60). Em vez de levá-los diretamente para a terra prometida, e lá ensiná-los a guardar os mandamentos, Jeová os levou ao deserto para tentá-los e prová-los, para saber se eram dignos de herdar a terra da promessa. O texto diz: “Todos os mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para os fazer, para que vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que Jeová jurou a vossos pais. E te lembrarás de todo o caminho pelo qual Jeová, teu deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te tentar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos ou não” (Dt. 8:1-2).

O regime do chefão é o do terror. Ele pisa, humilha, tenta, deixa passar fome, e ai de quem reclama. O povo de Israel, no deserto, reclamou, e todos morreram no deserto (Nm. 14:28-30). Eram mais de um milhão, pois só de varões aptos para a guerra eram seiscentos e três mil e quinhentos e cinqüenta (Nm. 1:46). O regime do chefão, isto é, do Todo poderoso, era de ferro. Não era teocracia, mas tirania violenta. Leiam o que ele disse: “VIVO EU, DIZ O SENHOR JEOVÁ, QUE, COM MÃO FORTE, E COM BRAÇO ESTENDIDO, E COM INDIGNAÇÃO DERRAMADA, HEI DE REINAR SOBRE VÓS” (Ez. 20:33). Roboão, filho de Salomão, depois da morte do seu pai, assumiu o trono de Israel, mas deixou a lei de Jeová, ele e todo o Israel. “Pelo que sucedeu, no ano quinto do seu reinado, que Sisaque, rei do Egito, subiu contra Jerusalém, (porque tinham transgredido contra Jeová). Sisaque subiu com mil e duzentos carros, e com sessenta mil cavaleiros; e era inumerável a gente que vinha com ele do Egito, de líbios, suquitas e etíopes. E tomou as cidades fortes que Judá tinha e veio a Jerusalém. Então, veio Semaias, o profeta, a Roboão e aos príncipes de Judá que se ajuntaram em Jerusalém por causa de Sisaque e disse-lhes: Assim diz o Todo poderoso: Vós me deixastes a mim, também eu vos deixei nas mãos de Sisaque. Então, se humilharam os príncipes de Israel e o rei e disseram: Jeová é justo. Vendo, pois, Jeová que se humilhavam, veio a palavra de Jeová a Semaias, dizendo: HUMILHARAM-SE, NÃO OS DESTRUIREI; antes, em breve, lhes darei lugar de escaparem, para que o meu furor se não derrame sobre Jerusalém, por mão de Sisaque, PORÉM SERÃO SEUS SERVOS, PARA QUE CONHEÇAM A DIFERENÇA DA MINHA SERVIDÃO E DA SERVIDÃO DOS REINOS DA TERRA” (II Cr. 12:2-8).

O Todo poderoso Jeová declara com a sua boca que o seu regime era tirânico e escravagista. Era tão pesado o jugo que o povo optou voltar ao Egito, mas o chefão, ofendido, os matou a todos no deserto (Nm. 14:1-4; 14:28-29).

Os chefões da máfia italiana criavam um regime de terror para serem temidos e obedecidos. O Todo poderoso usou o mesmo método. No monte Sinai, quando deu a sua lei, produziu um espetáculo tão tenebroso, que ninguém suportava: “Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual, os que a ouviram pediram que se lhes não falasse mais; porque não podiam suportar o que se lhes mandava: se até um animal tocar o monte, será apedrejado. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado e tremendo” (Hb. 12:18-21). O povo também, ficou tão aterrorizado com o infernal quadro, que disse a Moisés: “Fala tu conosco, e ouviremos; e não fale Jeová conosco, para que não morramos” (Ex. 20:19). O povo estava aterrorizado! Moisés aterrorizado! Quando Davi enumerou o povo, por ordem do próprio Jeová, e foi por isso considerado culpado injustamente, Jeová matou setenta mil israelitas com uma peste, e ainda o anjo de Jeová estava entre o céu e a terra, com a espada desembainhada na sua mão para destruir Jerusalém. A visão era infernal e tenebrosa, que Davi não podia ir ali para consultar a Jeová; porque estava aterrorizado (II Sm. 24:1, 15-16; I Cr. 21:30).Davi, o eleito de Jeová; Davi o ungido, o messias, aterrorizado? E os menos favorecidos? Davi falou, dizendo: “O meu coração está dorido dentro de mim, e os terrores de morte sobre mim caíram. Temor e terror me sobrevêm, e o horror me cobriu” (Sl. 55:4-5). Um outro salmista exclama“Eu, porém, Jeová, clamo a ti, e de madrugada te envio a minha oração. Jeová, por que rejeitas a minha alma? Por que escondes de mim a tua face? Estou aflito e prestes a morrer, desde a minha mocidade; quando sofro os teus terrores, fico perturbado. A tua ardente indignação sobre mim vai passando; e os teus terrores fazem-me perecer” (Sl. 88:13-16). O pobre salmista, desde a infância, nem sabia o porquê dos terrores de Jeová, que o afligiam mortalmente!

Vejamos agora Jó, o homem, que segundo Jeová, era sincero, reto, temente a Jeová, e desviava-se do mal (Jó 1:8). Este varão fiel e justo foi de tal modo assolado por Jeová, que levantou sua voz, dizendo: “Desvia a tua mão para longe de mim e não me espante o teu terror” (Jó 13:21). É neste capítulo que se dirige ao Todo poderoso (Jó 13:3). Jó disse também: “Porque as flechas do Todo poderoso estão em mim, e o seu ardente veneno, o bebe o meu espírito; os terrores de Jeová se armam contra mim” (Jó 6:4). Se, para Jó, varão justo, reto, e fiel, Jeová só revelou a face do terror, está na cara que ele não é o Deus que é amor (I Jo. 4:8).

Jeová se revela a quem nunca o viu, e nem o conhece, como deus do terror e não o Deus de amor. Antes de Israel entrar em Canaã, Jeová lhes disse: “Enviarei o meu terror diante de ti, desconcertando a todo o povo aonde entrares” (Ex. 23:27). Deus, o Pai, enviou diante dele o seu amor, dizendo por boca de João: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16). O povo de Deus no Novo Testamento foi incumbido de revelar o amor de Deus a todos os homens, mas o povo de Jeová foi incumbido de revelar o terror de Jeová a todas as nações. Eis o que ele disse: “Neste dia, começarei a por um terror e um temor de ti diante dos povos que estão debaixo de todo o céu” (Dt.2:25).

Qual o deus que você, leitor, crê e segue? O do terror ou o do amor?

 

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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