(012) – NÃO POR FORÇA NEM POR VIOLÊNCIA

Jeová, o Deus da Glória, como ele mesmo se intitula, revela a Moisés e ao povo que escolheu para manifestar a glória divina ao mundo, os atributos que mais cativam os homens. A bondade, a misericórdia, a piedade e o amor (Dt.7:8-9; Sl.111:1-4; Is.42:8; 43:7). Para Moisés, Jeová era misericordioso e piedoso (Ex.34:6). Jeová olha lá do céu dois povos. Um que ama e outro que aborrece. Israel e Egito. Então desce do céu para libertar seus escolhidos das mãos dos opressores rejeitados (Ex.3:7-10).

Para animar, tanto Moisés como o povo de Israel, faz grandes promessas. O lugar para onde iriam seria um lugar paradisíaco, onde eles seriam assistidos e protegidos por Jeová misericordioso. Dentro daquele Jardim do Éden, adorariam o Deus da providência (Ex.3:8-17).

Para fortalecer a esperança da felicidade na terra prometida, Jeová, o Deus misericordioso, multiplica o jugo, a aflição e a angústia do seu povo amado. Registraremos a primeira situação de escravidão produzida por Faraó, e depois a segunda, pior, provocada pelo próprio Jeová (Ex.1:6-14; Ex.4:21; 5:1-23).

Se Jeová endureceu o coração de Faraó para afligir o seu povo, eles não iriam sair do Egito pela fé, mas pela violência. Não era uma questão de fé, mas de extrema necessidade. Não estava o povo eleito sendo atraído por amor, mas por coação, e isso é violência, e violência gera violência.

Moisés recebe de Jeová o poder de produzir pragas para castigar com violência a Faraó e os egípcios, endurecidos pelo próprio Jeová. É uma violência um pai bater numa criança indefesa, mas amarrá-la em um cepo para bater, é uma violência demoníaca. É isso que Jeová faz com Faraó endurecendo o seu coração e amarrando a sua consciência amolecida pelas duas primeiras pragas, as águas que se transformam em sangue, e a praga das rãs, decidindo assim libertar Israel (Ex.8:8-15), mas depois voltou atrás.

E por que Faraó voltou atrás? Porque Jeová se assegurou previamente endurecendo ainda mais a Faraó, para revelar ao mundo de todos os tempos, através das pragas a sua glória (Ex.7:1-3).

Após a sétima praga, Faraó quase se converteu, pois chegou a se confessar pecador (Ex.9:25-28). Pouco antes, porém, Jeová tinha, pelo seu espírito, endurecido ainda mais a Faraó (Ex.9:42).

O povo de Israel, vendo tão terríveis pragas assolando o Egito da parte de Jeová, e não vendo  as mesmas na terra de Goshen onde residiam, se convence de que são escolhidos e protegidos, apesar do jugo e da servidão que estão sofrendo e que foram causados pelo mesmo Jeová, e se mantêm firmes na esperança da promessa.

Essa técnica é usada pela política. Quando um povo se queixa da opressão, é feita uma comparação com outro povo que está em piores condições para convencê-lo de que ainda é mais feliz. Este argumento deveria constar do livro de Maquiavel, o Príncipe, que trata exatamente da política de dominar o povo enganando-o .

Também é usada a técnica de comparação na psicologia. Quando alguém se queixa demasiadamente da sua sorte, colocam à sua frente outros em condições piores, e assim ele pensa que ainda é feliz.

Será justo e santo um Deus que condena um povo que não o conhece? (Ex.5:1-2). Será misericordioso e verdadeiro um Deus que derrama o seu furor sobre um povo que o não conhece? Será bondoso e piedoso um Deus que se faz conhecer através de pragas e maldições? Qual a idéia que os egípcios fizeram do Deus de Israel? Odioso, opressor, destruidor e causador de males e pragas. Se algum egípcio se convertesse e ao ler Zc.4:6 iria chamar Deus de enganador.

Os egípcios viram com os seu olhos que eram malditos aos olhos de Jeová, pois em Goshem não havia pragas, nem pestes, nem saraiva, nem trevas e nem mortandade de filhos. Quanta violência cometida contra um povo que não era diferente de Israel e não conhecia a Jeová. Moisés pregou aos egípcios o ódio de Jeová, a discriminação; pregou a destruição e a podridão no mar e nas fontes de águas. O último capítulo da discriminação foi a morte dos exércitos egípcios no mar. Estes fatos não educam o povo de Deus, antes os enche de orgulho e alimentam o espírito de opressão.

O povo de Israel sai para o Monte Sinai. E lá recebe as leis de Jeová. Enquanto Moisés estava no monte com Jeová, o povo se corrompe em baixo. Jeová se enche de ira e parte para a violência querendo destruir o povo (Ex.32:10). Custou muito a Moisés para aplacar a ira e o furor de Jeová. O método do Deus Jeová é o método da violência. Em Lv.26 há  uma demonstração do seu espírito feroz, pois faz promessas malignas por quatro vezes, e multiplicando por sete cada vez, o que perfaz 7 pragas na primeira vez, 49 na segunda,  343 na terceira e 2.404 na quarta. O total de maldições somou 2.800, e termina o texto dizendo: “Então confessarão a sua iniquidade,  e  a  iniquidade de seus pais, com as suas transgressões, com que transgrediram contra mim; como também que andaram contrariamente para comigo, EU TAMBÉM ANDEI CONTRARIAMENTE, E OS FIZ ENTRAR NA TERRA DOS SEUS INIMIGOS. Se então o seu coração incircunciso  se humilhar, e então tomarem pôr bem o castigo da sua iniquidade, também eu me lembrarei do meu concerto com Jacó …” (Lv.26:15-42). E depois fala: “NEM POR FORÇA NEM POR VIOLÊNCIA”. Mas Jeová endureceu o povo e o cegou (Is.6:10; 29:10-12; 43:8).

O Pai responde a violência de Jeová com a graça total e sem as obras da lei. “Porque a graça de Deus se há manifestado trazendo salvação a todos os homens” (Tit.2:11). “Mas quando apareceu a benignidade e a caridade de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou  pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador” (Tit.3:5-6).

 

Autoria Pastor Olavo S. Pereira

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