(129) – A CONCUPISCÊNCIA 3

        Já vimos, por definição, que concupiscência é : “GRANDE DESEJO DE BENS OU GOZOS MATERIAIS. APETITE SENSUAL”. Sendo assim, a concupiscência é o inimigo mais poderoso do reino espiritual revelado por Jesus Cristo. Ora, a vida espiritual do cristão é regida, guiada, alimentada e fortalecida pelo Espírito Santo; e o apóstolo Paulo declara: “Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro para que não façais o que quereis” (Gl. 5:16-17). É uma guerra entre a carne e o Espírito Santo que vai definir a vida eterna ou a morte eterna. A carne, inflamada pela concupiscência, busca de forma irresistível à vontade humana os bens materiais e seus gozos, ou os gozos sensuais das paixões carnais. O poder da concupiscência é tão grande, que no Velho Testamento está escrito que é impossível a um homem não pecar. “Na verdade, que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e nunca peque” (Ec. 7:20).

A grande verdade é que o pecado é filho da concupiscência. Cada um é tentado, quando atraído e enganado pela própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, da a luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg. 1:14-15). O Espírito Santo luta contra a carne para anular o poder da concupiscência, e assim libertar do pecado. A concupiscência, isto é, o desejo dos bens e gozos materiais, e o apetite sensual, é contra o Espírito Santo.

Em segundo lugar, as concupiscências carnais, são inimigas mortais da alma humana, pois diz o apóstolo Pedro: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma” (1 Pd. 2:11). As coisas que regem o comportamento humano neste mundo são: desejo de riqueza e conforto; desejo de viajar, ter casa na praia, ter bons carros; desejo de ter status, ser respeitado e ter o seu círculo de amigos; assistir a grandes espetáculos; e desejo de desfrutar os deleites sensuais com a mulher que ama e formar os filhos para viver bem neste mundo, dando-lhes cultura, cursos técnicos para direção de grandes empresas, etc. Na realidade, não se comportam como peregrinos e forasteiros neste mundo; muito pelo contrário, tanto os pais como os filhos são genuínos cidadãos deste mundo, e não seguem o conselho do apóstolo Pedro. Vejamos o parecer do apóstolo Paulo: “Os que têm mulheres sejam como se não as tivessem” (1 Co. 7:29). “Os que querem ser ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e na ruina” (1 Tm. 6:9). Vejamos o que diz São Tiago: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constituí-se inimigo de Deus” (Tg. 4:4). E o apóstolo João? Ele escreveu: “Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo. 2:15-17). Leiamos agora o Senhor dos senhores, Jesus Cristo. Jesus sugeriu a um mancebo riquíssimo, que guardava toda a lei de Jeová, esperando com isso entrar no reino de Deus: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu, e vem, e segue-me” (Mt. 19:21). A outro Jesus falou: “Aquele que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo” (Lc. 14:33).

Em terceiro lugar, a concupiscência é contra a verdade de Deus. Paulo, o apóstolo, que teve a revelação do mistério do Evangelho da graça (Tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como me foi este ministério manifestado pela revelação como acima vos escrevi” Ef. 3:2-3.), nos escreveu dizendo: “Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade voltando as fábulas” (2 Tm. 4:3-4).

Se a concupiscência tem o poder de produzir doutrinas contrárias à verdade de Deus, ela é contra a verdade, contra Deus e contra Cristo. Que fábulas serão as que Paulo se refere? Genealogias para provar que faziam parte da linhagem escolhida de Israel (1 Tm. 1:4). Alegorias do Velho Testamento, a que os velhos estavam apegados (1 Tm. 4:7). – Paulo revela que fábulas são coisas do judaísmo ligadas à lei (Tt. 1:14). Pedro, o príncipe da Igreja disse: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas” (2 Pd.1:16). Alguém poderá argumentar que as fábulas foram as tradições apócrifas dos Judeus apóstatas. Vejamos algumas fábulas do Velho Testamento. A lei de Jeová e os sacrifício da lei foram ordenados para salvar os israelitas. Jeová falou pela boca de Moisés: “Os meus estatutos e os meus juízos guadrareis; os quais, fazendo-os o homem, viverá por eles” (Lv. 18:5). Ezequiel repete no capítulo 20:11, 13, 21.

O problema é que Paulo afirma que pela lei ninguém é justificado diante de Deus, logo a lei e os sacrifícios eram fábulas artificialmente compostas (Rm. 3:20). Em Rm. 9:30-33, Paulo afirma que Israel buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça, pois não foi pela fé, mas pela lei. O texto não fala de pessoas, mas da nação de Israel, ou reino de Israel, logo não se dirige a homens injustos ou justos. Falando de reino, Paulo fala de tudo o que Jeová ordenou.

Outra fábula, foi a circuncisão. Para Jeová, a circuncisão era tão importante quanto o sábado. A criança não circuncidada era sacrificada a Jeová. (Gn. 17:13-14). Para surpresa e espanto nosso, Paulo afirma que em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim a fé (Gl. 5:6; 6:15). Se é assim, a circuncisão só servia para alimentar a soberba religiosa, logo foi fábula. A circuncisão, até hoje, é feita com fins terapêuticos e higiênicos, mas sem valor espiritual nenhum, portanto, fábula, como o sábado, pois segundo Jesus, o Pai continua trabalhando, e nunca descansou, pois é Deus, mas Jeová cansou, e descansou para restaurar as forças (Ex. 31:17).  O espírito de Jeová também enfraquece (Is. 57:16). No livro dos juizes lemos que Jeová, o Senhor dos Exércitos, o todo poderoso El Shaddai, precisa de socorro, e os que não o socorrem são amaldiçoados por ele (Jz. 5:23).

O grande problema que os cristãos javistas não conseguem resolver é o seguinte: Se a concupiscência, isto é, os desejos e apetites carnais e sensuais são contra o reino de Deus, se são contra o Espírito Santo, por isso os combatem, e se são contra a verdade de Deus, porque o homem foi criado por Deus com concupiscência carnal? Antes de cair em pecado, lemos que o homem era de carne (Gn. 2:21-24). E toda carne tem concupiscência (2 Pd. 2:10; Gl. 5:24; Ef. 4:22-24; Cl. 3:5). Deus criou um inimigo? O homem foi criado para se opor a Deus, ao Espírito Santo, a Jesus Cristo e ao Evangelho? Pelo menos, Israel, o povo criado por Jeová, até hoje é contra. Cristo veio provar que houve interferência do mal na criação. Por isso faz uma nova criação (2 Co. 5:17).

Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira

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