(470) – O REI E O PAI – I

O  REI  E  O  PAI  1

         No Velho Testamento Jeová se apresenta ao povo de Israel, por meio de Moisés, como Deus, e depois como rei. O próprio texto explica. Moisés, depois de quarenta anos fugido do Egito, apascentava o rebanho de seu sogro, ao pé do monte Horebe. E viu uma sarça que ardia em fogo, mas não se consumia. E chegando mais perto para ver o fenômeno, bradou Deus: Moisés. Eu sou o Deus de Abraão, Deus de Isaque e Deus de Jacó, e vou te enviar para libertar o meu povo (Ex. 3:1-8). Depois de libertado o povo, os levou ao monte Sinai, fez um concerto com eles dando-lhes suas leis, e seus mandamentos, e disse-lhes: vós me sereis um reino sacerdotal (Ex. 19:6). E disse a Israel: “Eu sou Jeová, vosso rei” (Is. 13:15).

No Novo Testamento, Deus se apresenta aos doze apóstolos, através de Jesus Cristo, seu mediador, como Pai. Jesus lhes disse: “Vós orareis assim: Pai nosso que estás no céu” (Mt. 6:9).Mais tarde Jesus revelou Deus Pai, dizendo: “A vida eterna é esta, que te conheçam a ti só, como único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo. 17:3). Vejamos as diferenças comportamentais entre um rei e um Pai:

    1. O rei mata os desobedientes. Nadabe e Abiu, filhos de Arão, o sumo sacerdote, para agradar Jeová, inventaram um incenso diferente, colocaram nos incensários, e trouxeram diante do rei dos reis. Ele não aceitou o fogo estranho; então saiu fogo de diante de Jeová e os consumiu (Lv. 10:1-2). Outro caso mais doloroso foi o de Uzá, quando Davi mandou buscar a arca do concerto, que estava na casa de Abinadabe, para levá-la a Jerusalém. Os filhos de Abinadabe, Uzá e Aiô, iam ao lado do carro para proteger a arca. Chegando a eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, porque os bois a deixavam pender. Então a ira de Jeová se acendeu contra Uzá, e ali o feriu por esta imprudência, e morreu (II Sm. 6:1-7).

O Pai

       não condena os infratores. Jesus foi crucificado entre dois ladrões. Um deles blasfemava. O outro de nome Dimas, assim falou, repreendendo-lhe:

“Tu ainda nem temes a Deus, estando na mesma condenação. E nós, na verdade com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc. 23:39-43). 

      Alguém vai dizer: Mas não é Deus que está falando, e sim Jesus. Certo. Mas João declara que Deus nunca foi visto por ninguém, e que o Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o fez conhecer

(Jo. 1:18).

       Paulo também declara que Deus, o Pai, nunca foi visto, e homem nenhum o viu nem o verá

(I Tm. 6:16).

       Logo, o deus que foi visto por Adão, por Enoque, por Noé, por Abraão, Isaque e Jacó, Moisés, etc. etc., é outro, que se intitulou deus. Jesus disse:

“Quem me vê a mim, vê o Pai” (Jo. 14:8-9).

     

      1. O rei é sempre servido. Quando Jeová libertou Israel do Egito, mandou Moisés dizer a Faraó:“Jeová, o deus dos hebreus, me tem enviado a ti, dizendo: deixa ir o meu povo, para que me sirva no deserto” (Ex. 7:16). Jeová repete esse aviso diversas vezes (Ex. 8:1-8; 8:20; 9:1; 9:13; 10:3). Jeová, o Rei, era servido pelos sacerdotes, pelos profetas, pelo seu povo, e até pelos reis idólatras e cruéis. Ele mesmo declara isso: “E agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, meu servo” (Jr. 27:6). E repete isso outras vezes.

    (Jr. 25:9; 43:10).

        — Só que Paulo revela no Novo Testamento que o Deus verdadeiro não é servido por mãos de homens

    (At. 17:24-25).

      O Pai

           de Jesus serve os pecadores na pessoa de seu Filho; e Jesus disse:

      “Por que o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc. 10:45).

           Ao enviar o Filho a este mundo perdido, Deus, o Pai, está servindo, não os justos, mas os pecadores. Jesus declarou:

      “Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento” (Mt. 9:13; Gl. 1:4; I Tm. 1:15).

        1. O rei é temido, pois tem nas mãos a estabilidade do reino, e qualquer coisa ou pessoa que ameaça a segurança, tem de ser sumariamente eliminada. Salomão diz: “O temor de Jeová é o princípio da sabedoria, e a ciência do santo a prudência” (Pv. 9:10; 15:33; 8:13).
        2. — João nos diz:

      “Na caridade não há temor, antes a perfeita caridade lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em caridade” ( I Jo. 4:18).

          João está ensinando que a caridade é maior que o temor, pois o lança fora.

      O Pai

           ama e é amado, pois é amor

      (I Jo. 4:8). “Nisto está a caridade, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (I Jo. 4:10). “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rom. 5:8). 

          Sendo assim, o que teme serve por medo, o que ama serve por amor. O que teme se torna tímido e o que ama arrisca tudo para agradar seu Senhor. O servo que recebeu um talento por temor de perder, escondeu o talento, acabou condenado, por isso João diz que o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito

       (Mt. 25:24-30).A conclusão a que chegamos, é que, ao dar a lei, Jeová não buscava aperfeiçoar seu povo, pois a lei gera temor, pois pela lei vem o conhecimento do pecado e também as maldições de Jeová

      (Rom. 3:20)-  Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.

      (Hb. 7:18-19) – Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade. (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.

      Concluímos ao final, que, se a lei de Jeová não aperfeiçoa ninguém, e o povo de Israel era obrigado a guardar a lei, sob pena de maldição, Jó tinha razão em afirmar que o Todo Poderoso não tem prazer nenhum em que Jó fosse justo, ou lucro algum em que fosse perfeito (Jó 22:3). O rei só pensa em seu trono e na sua glória.

       

      Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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