(328) – A INVASÃO

A   INVASÃO

            Jesus Cristo, o verbo encarnado, a expressa imagem de Deus Pai, aquele que deu voluntariamente a vida para salvar os condenados ao inferno, estabeleceu a Igreja, para, através dela, aperfeiçoar aqueles que vão herdar o reino de Deus (Jo. 1:14; Hb. 1:3; Mt. 16:18). O texto de Mateus diz: “Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt. 16:18). Neste texto Jesus deixa claro que são muitas as portas que levam ao inferno, e uma só porta leva ao céu, pois em outro lugar Jesus declarou: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á” (Jo. 10:9).

Paulo, o maior dos apóstolos, tentou construir o muro da sã doutrina para evitar invasões nos arraiais dos cristãos, pois ele conhecia o perigo, e declarou: “Porque eu sei isto, que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho; e que dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos para si” (At. 20:29-30). E Paulo previu com precisão o futuro imediato da Igreja. Do segundo ao sexto séculos, a Igreja foi dilacerada por controvérsias acerca de uma série de ismos semelhantes em uns pontos e diferentes em outros. Vejamos:

Nos primeiros séculos da história da Igreja cristã, surgiram muitas interpretações diferentes sobre a pessoa de Jesus Cristo. Manés fundou a seita dos maniqueistas, isto é, eles criam em dois princípios. O do bem e da luz, que é Deus; e o do mal e das trevas que é o demônio. Estas duas forças são iguais em poder. Manés morreu no ano 274 D.C.. Outro foi Montano, que fundou a seita dos montanistas, lá pelos 160 ou 170 da nossa era. Sua crença era a da intervenção perpétua do Espírito Santo, isto é, mesmo depois da ressurreição e do estabelecimento do reino eterno de Deus, o Espírito Santo continua a ser paráclito (Jó 14:16). O monarchianismo foi outra seita. Para eles, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, não são três pessoas, mas uma só; que se manifestou como Pai no Velho Testamento, como filho durante o tempo da encarnação, e como Espírito Santo após a ressurreição e ascensão. Os monarquianistas existem até hoje, e afirmam que o Jeová do Velho Testamento é o mesmo Jesus que nasceu de Maria. São os sectários, cujas opiniões sobre a trindade não eram ortodoxas. Ario, padre de Alexandria (280 a 336) fundou a seita dos arianos, que é oposta a idéia trinitária de Deus. Ario combatia a unidade do Pai, Filho e Espírito Santo, contra a palavra do apóstolo João (I Jo. 5:7), contra Paulo (II Co. 13:13) e contra Jesus que disse: “Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt. 28:19). Para ele, Cristo era muito inferior ao Pai, e assim negava a sua divindade. Apolinário fundou o Apolinarianismo, seita que negava a natureza humana de Cristo. Para eles Cristo nunca deixou de ser Deus. O filho do homem era apenas uma aparência humana. A morte de Cristo na cruz foi uma farsa, uma representação teatral, e não houve sacrifício real. Nestório, patriarca de Constantinopla e deposto pelo concílio de Éfeso em 431 D.C., fundou o Nestorianismo, seita que admitia duas naturezas em Cristo. Uma humana e outra divina. O filho do homem e o Filho de Deus. Como Deus não pode ser tentado pelo mal (Tg. 1:13). quando Cristo era tentado, era o homem tentado, não o Deus. Quando Jesus tinha fome, era só o homem, etc.; complicado. Já Eutiques pregava que as duas naturezas eram unificadas, e assim, os discípulos de Nestório discutiam com os discípulos de Eutiques seus pontos de vista.

Foi uma verdadeira invasão de doutrinas. Paulo disse“Eu temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (II Co. 11:3). Paulo disse mais: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (I Tm. 1:15). Fora de Cristo, o pecador está perdido, pois só Jesus morreu em lugar do pecador. As boas novas do Evangelho são tão simples, mas os doutores ficavam discutindo se Cristo era homem ou Deus; se era meio homem e meio Deus; se morreu de fome ou de brincadeira. Enquanto isso os pecadores iam para o inferno.

Mas não foram só essas doutrinas de demônios que desviaram o objetivo do evangelho. Outros males surgiram da parte do demônio para destruir a Igreja. Analisemos um pouco da história da Igreja:

Jesus, filho de Maria, era realmente o Messias prometido e esperado, o redentor de Israel. Jesus mesmo o declarou à mulher samaritana: “A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo” (Jo. 4:25-26). A mensagem de Cristo era“Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mt. 4:17). Jesus nunca pregou a restauração do reino de Israel, nem que ia assentar no trono de Davi. Ele declarou a Pilatos“O meu reino não é deste mundo” (Jo. 18:36). E dizia“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar” (Jo. 14:2).Os judeus queriam o Cristo terreno, para assentar no trono de Davi e reinar com vara de ferro (Sl. 2:8-9). E por isso rejeitaram a Jesus como falso Messias, e o crucificaram como impostor (Mt. 27:20-25).

Com o pentecostes e a descida do Espírito Santo a Igreja se multiplicou rápido, embora perseguida pelos judeus (At. 2:41; 4:1-4). Quem cresse em Cristo era considerado inimigo de Israel. Estevão deu testemunho de Jesus e foi apedrejado (At. 7:53-58). Após a morte de Estevão, os sacerdotes enviaram Saulo para assolar a Igreja, e fez-se uma grande perseguição naquele dia contra a Igreja de Jerusalém (At. 8:1-3). Quanto maior a perseguição, mais crescia a Igreja (vs. 5 a 8). Com a multiplicação dos cristãos, os imperadores romanos iniciaram nova perseguição. Morreram milhares de cristãos jogados às feras; outros em fogueiras; outros crucificados; outros esquartejados. Satanás então mudou a tática. No dia 27/10/312, o imperador Constantino teve uma visão: Viu acima do sol poente uma cruz, e por cima: “POR ESTE SINAL VENCERAS”. Então adotou a cruz e a história do cristianismo mudou. Foi concedido aos cristãos a liberdade de culto e de pregar o evangelho. Constantino favoreceu os cristãos, dando-lhes cargos. Isentou os ministros de impostos e do serviço militar. Incentivou a construção de igrejas. Expediu uma nota pela qual todos os súditos deviam abraçar o cristianismo no ano 325. Encomendou feitura de Bíblias para as igrejas. Ordenou que o domingo fosse dia de descanso dos cristãos. Começou o mal. Os súditos que se convertiam, o faziam por política e interesse. Vinte anos mais tarde, Teodósio, outro imperador, decretou que era obrigatório em todo o reino, fazer parte da igreja. Em cincoenta anos, a Igreja não era mais a mesma. Teodósio começou a guerra contra as outras religiões e proibindo aos ídolos. Os templos pagãos eram destruídos e queimados pelos cristãos amotinados. Houve muito derramamento de sangue até o ano 395 D.C..

Começou na Igreja a ambição pelo domínio e poder durante os séculos IV e V. Acabou o Espírito de Cristo. Começaram as cerimônias complicadas, majestosas, imponentes, próprias dos templos pagãos. Os ministros se tornaram sacerdotes, copiados do culto judeu. Em 440 o papa Leão I proibiu o casamento dos sacerdotes. O celibato deu início a imoralidade dos sacerdotes. Surgiram escândalos medonhos.

Começou a conversão dos bárbaros. Godos, vândalos, Hunos, que derrubaram o império romano, aceitaram o cristianismo em grande escala, mas não havia conversão, e a Igreja se encheu de práticas pagãs e corruptas. Foi o fim da Igreja fundada por Jesus, que ficou sepultada por mil anos. As investidas de Satã através dos hereges não abalou a Igreja, mas o poder temporal destruiu a Igreja.

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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