(390) – O BATISMO DE JEOVÁ

O BATISMO DE JEOVÁ

         Não vamos tratar aqui do batismo com o Espírito Santo (Jo. 1:33), nem do sangue derramado na cruz (Lc. 12:50), nem do batismo de Moisés (I Co. 10:1-2). Vamos tratar somente do batismo na água. O conceito geral sobre o batismo na água, é que é um símbolo, não tem nenhum poder regenerador. E esse conceito se baseia no batismo de João. Concordamos, pois esse batismo não era feito para regenerar ninguém, mas para perdoar. Pedro falou aos judeus: “Arrependei-vos, e cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados” (At. 2:38). Pedro declara que no batismo o crente recebe o perdão dos pecados. João também falou: “Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados” (I Jo. 2:12). É claro, pois é batizado em nome de Jesus, que morreu pelos nossos pecados (Gl. 1:4). Pedro diz: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas pisaduras fostes sarados” (I Pd. 2:24). Paulo, depois que caiu do cavalo do Velho Testamento (At. 9:4), foi levado a um varão de nome Ananias que lhe disse: “E agora por que te deténs? Levanta-te, batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor Jesus” (At. 22:16). Ora, se o que se batiza é perdoado e lavado dos pecados, aos olhos de Deus está regenerado, ainda que aos olhos da teologia não esteja. O fato é que, no batismo, Jesus disse a João: “Convém que se cumpra toda a justiça” (Mt. 3:15-16). A justiça da fé se cumpre no batismo em nome de Jesus Cristo (II Co. 5:21).

E o batismo de João, como fica? O batismo de João é o batismo do arrependimento, e o de Jesus é o do sepultamento (At. 19:4; Rm. 6:3-4). São, portanto, dois batismos diferentes. O batismo de João já era feito antes de Jesus se manifestar, logo era batismo debaixo da lei. O batismo de Cristo, na Igreja, não está debaixo da lei (Rm. 6:14; 7:6). Como João batista foi o último profeta do Velho Testamento (Lc. 16:16), batizou Jesus em nome de Jeová, o único deus conhecido pelos israelitas. Logo, o batismo de João era o batismo de Jeová.

No Novo Testamento o batismo era feito em nome de Jesus (At. 2:38; 8:14-16). Vamos agora provar biblicamente, que o batismo de Jeová, ministrado por João Batista, não tinha valor nenhum diante de Jesus: Apolo era um pregador eloqüente e poderoso nas escrituras, mas conhecia somente o batismo de João, que era o batismo do arrependimento, pois culpavam a Jeová pelas suas desgraças. Havia um provérbio blasfemo, que passava de pai para filho, e era o seguinte: “Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos embotaram” (Jr. 31:28-29; Ez.18:1-3). Esta mofa era dita porque Jeová cobrava nos filhos os pecados dos pais. Ele dizia: “Preparai a matança para os filhos por causa da maldade de seus pais” (Is. 14:21). O segundo mandamento da lei de Jeová já falava isso: “Visitarei a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Ex. 20:5). E o mesmo Jeová entrou em contradição, dizendo: “Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais” (Dt. 24:16). Mas matou o filho recém nascido de Davi. É muita confusão de um que se diz deus. Perdoou a Davi, que pecou, e não perdoou a criança inocente e pura (II Sm. 12:13-14). Diante de tamanhos atos de injustiça e crueldade, o povo só tinha de inventar provérbios de desprezo. O povo então, podia se arrepender dessas blasfêmias e ofensas a Jeová, para ser reconciliado. Esse era o batismo de João, ou melhor, o batismo do arrependimento.

Nesse batismo, o homem deixava de ser o juiz, e o deus Jeová deixava de ser o réu. O evangelho de Lucas esclarece o assunto, dizendo: “E todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João, JUSTIFICARAM A DEUS, mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por João” (Lc. 7:29-30). Justificar a deus é inocenta-lo das injustiças, confessando-se errado e injusto.

No batismo de João, o que se batizava, era reconciliado mediante o arrependimento, logo, o mérito era do homem. Tanto é assim, que, quem não se batizasse era condenado por não se arrepender, e assim continua maldito de Jeová, pelo pecado de blasfêmia.

No batismo em nome de Jesus, ente assume os pecados do povo, e passa a ser o maldito. Paulo diz: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós” (Gl. 3:13). Cumpriu-se assim o que o anjo disse a José: “E dará à luz um filho, e chamarás o seu nome Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt. 1:21). “Da descendência deste (Davi), conforme a promessa, levantou Deus a Jesus para a salvação de Israel” (At. 13:23). “E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o libertador, e desviará de Jacó as impiedades” (Rm. 11:26). Vejamos o que aconteceu com Jesus:

Por não terem conhecido a Jesus, pois estavam cegos (Is. 6:10; 29:10-12), o povo e os seus príncipes, condenaram-no, e o mataram (At. 13:27-29). Mas Deus o ressuscitou dos mortos. E Paulo declara que o Cristo ressuscitado não era mais o nascido em carne: “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo” (II Co. 5:16). E em outro lugar: “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou dentre os mortos” (Rm. 7:4). Por que afirma Paulo que o Cristo ressuscitado é outro? Porque não veio a este mundo para reinar na carne sobre Israel, mas para comprar os que crerem, afim de que entrem no reino dos céus (Jo. 14:1-3; II Co. 5:1; II Tm. 4:18; I Pd. 1:3-4). É por isso que Jesus declarou: “O meu reino não é deste mundo” (Jo. 18:36). E também declarou aos israelitas: “Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo. 8:23).

O batismo em nome de Jesus, é o batismo que revela Jesus como Senhor absoluto. O batismo de João era no Velho Testamento, logo era de Jeová. Comparemos os dois batismos lendo o texto dos discípulos de Apolo: “E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos, disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram: Nós nem ainda ouvimos falar que haja Espírito Santo. Perguntou-lhes então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João.  Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhe Paulo as mãos, receberam o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” (At. 19:1-6). João Batista é o autor do rito do batismo. Jeová o enviou (Jo. 1:33). Ora, João foi enviado por Jeová para realizar o batismo do arrependimento. Os batizados por João e Apolo, não foram aceitos por Paulo, e por isso os batizou de novo. Passemos às diferenças entre os dois batismos:

1.  Os batizados por João, eram reconciliados com Jeová e herdeiros da Canaã terrena. Os batizados em nome de Jesus, tem os pecados perdoados, são salvos deste mundo, e passam a ser herdeiros do reino dos céus (At. 2:38; Mt. 25:34; Hb. 11:8-11).

2.  No batismo de João, pelo arrependimento, o homem justifica a Jeová, e é reconciliado (Lc. 7:29). No batismo em nome de Jesus, a morte de Cristo justifica o homem diante de Deus. No batismo de João, o arrependimento do homem tem valor diante de Jeová, mas não tem valor diante de Deus Pai, pois para ser salvo tem de aceitar o sacrifício de Cristo. Por isso João disse: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado; porquanto não crê no nome do Unigênito Filho de Deus” (Jo. 3:18).

3.  No batismo de João, eles criam num Jesus Cristo que havia de vir (At. 19:4). Os judeus crucificaram a Cristo como impostor, e estão esperando o Mashia Ben Yucef (messias, filho de José) até hoje. No batismo de Cristo, os que se batizam, teem convicção que o Cristo já veio, tem todo poder no céu e na terra, perdoa os pecados, cura os enfermos, ressuscita os mortos, e vai nos levar embora deste mundo apodrecido por corrupção, ódios, guerra, pragas, pestes, demônios, injustiças, traições, para um reino onde habita o amor e a justiça (II Pd. 3:13-14). Amém.

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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