(099) – A IMPUTAÇÃO DO PECADO 2

 

No estudo nº 15 desta série tratamos da imputação do pecado aos homens quando não havia lei, e da não imputação, no tempo da graça, quando os homens estavam debaixo da lei de Jeová, dada por Moisés, que era o mediador entre os homens e seu deus.

Neste estudo trataremos do modo de imputação, isto é, como e quando é imputado o pecado, pois entre o Velho e o Novo Testamento há diferenças gritantes.

No Velho Testamento de  Jeová o juízo era imediato, seguindo-se a morte e destruição, e no Novo Testamento, que é o tempo da graça, o juízo será depois do fim deste mundo, e após a ressurreição da carne. Jesus disse: “Os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (Jo.5:29). E o apóstolo João diz: “Deu o mar os mortos que nele havia, e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada uma segundo as suas obras” (Ap.20:13). Detalhando o assunto, o juízo de Jeová era com a carne, provocando a morte da mesma. “Porque, com o fogo e com a sua espada entrará Jeová em juízo com toda a carne; e os mortos de Jeová serão multiplicados” (Is.66:16). O Pai, entretanto, anunciou pela boca de Paulo: “Deus tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos ressuscitando-o dos mortos” (At.17:31).

A diferença é enorme. Jeová julgava, e imputava o pecado, a morte ou destruição sumariamente, e pessoalmente! O Pai entregou tudo nas mãos do Filho, que executará o juízo na eternidade. “Conjuro-te pois diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos na sua vinda e no seu reino” (2 Tm.4:1). O apóstolo João diz: “O pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo” (Jo.5:22).

No juízo sumário de Jeová era tirada do pecador qualquer chance de arrependimento. No juízo de Cristo, os pecadores têm a vida toda para pensar, escolher, e voluntariamente crer e se arrepender, pois Cristo, o último Adão, morreu na cruz pelos pecadores que Jeová pretendia destruir. Jesus foi o último da linhagem de Adão que morreu pelas mãos de Jeová, por isso Isaías diz: “Todavia a Jeová agradou moê-lo, fazendo-o enfermar” (Is.53:10). O profeta Zacarias disse: “Ó espada, ergue-te contra o meu pastor e contra o varão que é o meu companheiro, diz Jeová dos exércitos; fere o pastor e as ovelhas se dispersarão” (Zc.13:7).

A obra de Jeová acabou com a morte de Jesus Cristo, e com o fim de acabar o plano de salvação do Pai, por isso está escrito que “as ovelhas se dispersarão”. A obra do Pai começa com a ressurreição de Jesus, como disse Paulo: “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos a fim de que demos frutos para Deus” (Rm.7:4). O Cristo que morreu era um, mas o Cristo que ressuscitou é outro, por isso Paulo disse: “Daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, contudo agora já o não conhecemos deste modo” (2 Co.5:16).

Vamos agora dar exemplos que comprovem as duas doutrinas. Comecemos pelo Velho Testamento. Jeová imputou o pecado aos antediluvianos e os destruiu a todos: homens, mulheres e crianças, não dando nenhuma chance de arrependimento (Gn.6:7-13). Se um homem tinha um animal assassino, que matasse alguém, esse homem morria com o animal (Ex.21:29). O juízo, condenação e morte eram imediatos. Os adivinhos e encantadores eram apedrejados até a morte (Lv.20:27). Quem entregasse seu filho para ser queimado no altar de Moloque — deus dos filhos de Amon — era apedrejado e morto na hora (Lv.20:2). Qualquer dos filhos de Israel que blasfemasse do nome de Jeová também era morto por apedrejamento (Lv.24:16). O adultério era punido com a morte de ambos (Lv.20:10-13, 17; Dt.22: 23-24). Se Jeová estivesse no comando da Igreja, pouca gente sobraria. Os idólatras eram todos mortos a pedradas (Dt.13:6-10). Os israelitas eram proibidos pela lei de fazer qualquer obra no sábado. Quem violasse o sábado era morto a pedradas. Um pobre coitado foi flagrado apanhando lenha no sábado, e por isso foi apedrejado e morto (Nm.15:32-36). Quando um filho era desobediente e rebelde, o pai o entregava aos varões da cidade para que fosse apedrejado (Dt.21:18-21). Também o filho que amaldiçoasse o pai e a mãe era morto (Lv.20:9). Em muitos casos um pecava, e toda a família era apedrejada e morta, como aconteceu com Acã, que na guerra tomou do despojo e com ele morreram filhos, esposa e animais (Js.7:19-25). Jeová nunca deu chance a ninguém que tivesse cometido uma falha. A arca de Jeová ficou na casa de Abinadabe 20 anos (1 Sm.7:1-2). Após esse tempo, estando Davi no trono, mandou trazer a arca de Jeová para Jerusalém, para colocá-la na tenda que construíra. Os filhos de Abinadabe, Uzá e Aiô, iam andando aos lados do carro, com todo o zelo e amor. O carro pendeu, e Uzá, vendo que a arca ia cair, segurou com a mão. Jeová o matou na hora (2 Sm.6;1-7). Jeová matava homens, famílias e reinos sumariamente.

No Novo Testamento, Deus, o Pai, não imputa pecado a ninguém. “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (2 Co.5:19). O Pai quer dar chance a todos porque quer salvar a todos. “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (At.17:30). O que complica o entendimento das escrituras é que a lei de Jeová continua, pois só os de Cristo não estão debaixo da lei (Rm.6:14).  Jeová continua condenando e matando, e Jesus Cristo continua resgatando das maldições de Jeová os que crêem, por isso João diz: “Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado” (Jo.3:18).

 

Autoria Pastor Olavo S. Pereira

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