(275) – DEUS É AMOR

DEUS É AMOR

            Jornaleiro era, no tempo de Jesus, a palavra grega que designava o homem que trabalhava por dia de trabalho. A palavra grega usada para o pagamento de um dia de trabalho era JORNAL. O jornaleiro, isto é, o diarista recebia diariamente o jornal, isto é, a diária de trabalho (Lc. 15:17)“Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes: cevastes os vossos corações, como num dia de matança” (Tg. 5:4-5). O Senhor dos Exércitos, a quem Tiago se refere nos versos 4 e 5 é Jeová, o matador, pois no Novo Testamento, como no Velho, estão presentes, o Deus Pai de Jesus, e o deus Jeová.

Zebedeu, pai de João e Tiago, apóstolos do Senhor Jesus, tinha empregados, isto é, jornaleiros, logo, João e Tiago eram de família próspera. Todo filho de pais que têm dinheiro é meio autoritário; João e Tiago eram nervosos. Jesus, ao escolher os apóstolos, pôs o nome de Boanerges em Tiago e João. Este nome quer dizer, FILHOS DO TROVÃO, pois falavam grosso (Mc. 3:17). De uma feita quiseram sentar-se à direita e a esquerda de Jesus, no reino eterno futuro (Mc. 10:37). É claro que se julgavam superiores aos outros apóstolos. De outra feita queriam que Jeová mandasse fogo do céu sobre uma aldeia de samaritanos, para destruir homens, mulheres e crianças, conforme Jeová fazia (Gn. 19:24-25; II Rs. 1:9-12; Lv. 10:1-2). Jesus os repreendeu dizendo-lhes que o espírito que estava neles era outro e estranho (Lc. 9:51-56). Pois o poder do amor de Cristo sobre João foi tão forte, que João ficou manso e amoroso. Tão amoroso que é conhecido como o apóstolo do amor; e escreveu o seguinte: “AMADOS, AMEMO-NOS UNS AOS OUTROS; PORQUE O AMOR VEM DE DEUS; E QUALQUER QUE AMA É NASCIDO DE DEUS E CONHECE A DEUS. AQUELE QUE NÃO AMA NÃO CONHECE A DEUS; PORQUE DEUS É AMOR” (I Jo. 4:7-8). Jesus Cristo veio a este mundo revelar o amor de Deus através de seus ensinos e de suas obras, por isso disse: “Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais?” (Jo. 10:32). Jesus deu sua vida pelos pecadores para salvá-los (Gl. 1:4), e disse:“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis” (Jo. 13:34).

A pergunta que fazemos é a seguinte: o amor que Jesus Cristo revelou, ensinou e viveu, existia no Velho Testamento, isto é, antes de Ele vir a este mundo em carne? Se Jeová, que se revelou a Moisés como o deus de Israel, praticou esse amor, ele era conhecido, mas se não praticou, não era conhecido, e neste caso Jeová e Jesus seriam estranhos um ao outro. Vejamos:

1- Jesus ensinou o perdão aos que nos ofendem na oração do Pai nosso: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores” (Mt. 6:12). “Porque, se não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celestial não vos perdoará a vós” (Mt. 6:14). O apóstolo Pedro, preocupado com o problema do perdão, perguntou a Jesus: “Senhor, até quantas vezes pecará o meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe respondeu: Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete” (Mt. 18:21-22). Ora, quem não perdoa não ama. Jeová nunca ensinou e nunca praticou o perdão que Cristo viveu e ensinou. Jeová ordenou na lei: “Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex. 21:24-25). E Jeová proibia as pessoas de terem caridade, dizendo: “O teu olho não poupará; vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” (Dt. 19:21). Bene-Hadade, rei dos sírios, era inimigo de Israel, e impunha um pesado jugo. O povo de Israel gemia debaixo do jugo e da opressão de Bene-Hadade. Jeová enviou um profeta, que disse a Acabe: “Assim diz Jeová: Vês toda esta multidão? Hoje te entregarei nas tuas mãos, para que saibais que eu sou Jeová” (I Rs. 20:13). Acabe reuniu seus 7.232 homens e partiu para a guerra contra trinta e dois reis aliados, e seus exércitos. Foi uma vitória arrasadora. Bene-Hadade conseguiu escapar a cavalo (I Rs. 20:13-20). Passado um ano, Bene-Hadade reuniu outro exército, e partiu contra Israel novamente. Jeová apoiou Acabe, que num dia matou cem mil sírios. Bene-Hadade fugiu de novo. Aconselhado por seus servos, Bene-Hadade e seus capitães foram diante de Acabe vestidos de saco pedir clemência. Acabe fez um acordo de paz com Bene-Hadade (I Rs. 20:26-34). Então um profeta de Jeová foi a Acabe, e lhe disse: “Assim diz Jeová: Porquanto soltaste da tua mão o homem que eu havia posto para destruição, a tua vida será em lugar da sua vida, e o teu povo em lugar do seu povo” (I Rs. 20:42).O olho de Jeová não poupa nem perdoa. É olho por olho, dente por dente, vida por vida. Acabe não matou Bene-Hadade, e morreu no seu lugar. O pior é que o povo de Israel foi destruído em lugar dos sírios. Que belo exemplo de amor de Jeová pelo seu povo.

2- O amor não tem inimigos. O pai, isto é, o Deus Pai, não tem inimigos. A Bíblia chama “mundo” aos pecadores. E por que? Porque são todos pecadores (Rm. 3:23; 5:12). Sendo assim podemos dizer que o mundo é pecador. A Bíblia diz também que quem comete pecado é do diabo (I Jo. 3:8). Como todos pecam, concluímos que o mundo todo é do diabo. O apóstolo João define a situação do mundo com as seguintes palavras: “Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo jaz no maligno”. No grego original está escrito jaz. A palavra jazigo, onde são sepultados defuntos de famílias ricas, vem da palavra jaz, que quer dizer: Estar morto, estar sepultado, estar caído. “Fulano jaz na cama há um ano”. Sendo assim, João, o apóstolo, quis dizer em I Jo. 5:19 que o mundo está caído no maligno; está morto e sepultado. Quando João diz: “Quem peca é do diabo”, diz que quem peca está não só caído, mas morto e sepultado, pois Jeová diz: “A alma que pecar morrerá” (Ez.18:4). E Paulo diz: “O salário do pecado é a morte” (Rm. 6:23). E Tiago diz mais, na sua epístola: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg. 4:4). Deus, o Pai, não é inimigo de ninguém. É o homem o inimigo. Paulo escreveu: “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm. 5:10). Deus, o Pai, é amor, e se é amor, não é inimigo de ninguém, por isso se chama PAI (ABBA).

Jeová é diferente de Cristo e do Pai, pois é inimigo dos homens. Vejam o que disse a Israel: “Se ouvires a minha voz, e fizeres o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos” (Ex. 23:22). Vejam que absurdo. Deus ser inimigo dos homens, contrariando o Novo Testamento e a voz dos apóstolos. Jeová era contra os inimigos, e assim se tornava inimigo. “Levanta-te Jeová, e dissipados sejam os teus inimigos” (Nm. 10:35; Sl. 68:1). O Espírito Santo de Jeová também é inimigo dos que desobedecem (Is. 63:10).Este não pode ser o Espírito Santo do Pai, pois o Espírito Santo do Pai é amor (Rm. 5:5; 15:30). E quem ama não se torna inimigo. Jeová disse a Israel na sua ira e furor: “Te feri com ferida de inimigo, e com castigo de cruel, pela grandeza da tua maldade e multidão de teus pecados” (Jr. 30:14). E Jesus disse pela boca de Paulo: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm. 5:20). Paulo está dizendo que quanto maior é o pecador, maior a conversão e a salvação; e maior o alcance do sacrifício de Cristo. Jeová, porém, não conhece o amor de Cristo, pois é inimigo dos homens. Tornou-se inimigo do seu próprio povo (Lm. 2:2-5).

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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