(147) – A IRA – I

     A   IRA – 1

 

 

A ira é cólera, furor. O mais sábio dos homens discorre sobre a ira de maneira feliz :  “Porque o espremer do leite produz manteiga, e o espremer do nariz produz sangue, e o espremer da ira produz contenda” (Pv. 30:33). O que Salomão quer ensinar é que a ira jamais produzirá obediência, ou boa vontade, ou paz, ou amizade, ou comunhão, ou conciliação. A ira só produz contenda. E Salomão prossegue, dizendo: “Cruel é o furor, e impetuosa a ira” (Pv. 27:4). O ímpeto da ira leva uma pessoa a atitudes violentas e irracionais, que o expõem publicamente a desmoralização, e o obrigam a retratação e arrependimento. Qualquer cidadão de respeito, que preze a sua posição social, refreia a ira, por isso Salomão, o homem que recebeu a sabedoria de Jeová, disse: “O entendimento do homem retém a sua ira, e sua glória é passar sobre a transgressão” (Pv. 19:11). E Salomão acrescenta: “Os homens escarnecedores abrasam a cidade, mas os sábios desviam a ira” (Pv. 29:8).

Salomão dá um conselho aos jovens, para que ao  se tornarem adultos não façam fiasco. “Afasta, pois, a ira  do teu coração, e remove da tua carne o mal, porque a adolescência e a juventude são vaidade” (Ec. 11:10). Nesta declaração  Salomão revela que o mal anda com a ira, e quem se ira retém o mal da sua carne. O grande sábio nos faz uma  revelação fantástica. “ Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira abriga-se no seio dos tolos” (Ecl. 7:9).

Os filhos de Jacó, Simeão e Levi, se encheram de ira quando Siquém abusou se sua irmã Diná. Como Siquém estivesse apaixonado por Diná, seu pai, Amor, rei dos heveus e pai se Siquém, concordou em que todos os varões de sua cidade fossem circuncidados, isto é, haveria a união de dois povos e a paz. Depois da sangrenta cerimônia, ao terceiro dia, quando a dor era mais violenta, Simeão e Levi, filhos de Jacó e irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, e mataram todo macho. Isso é o que a ira faz. E Jacó, velho, na cama, ao abençoar os filhos, declarou: “ Maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura” (Gn. 49:7)

Se a ira é uma paixão violenta, incontrolável, que obstrui a razão e o bom senso nos homens, seria inaceitável que Deus, o supremo criador, que é descrito pelo apóstolo João como todo amor (I Jo. 4:7-8), fosse susceptível de ataques de ira e furor assassinos. Seria um absurdo e um contra senso, que Jeová, que se declara o Altíssimo e o misericordioso, seja susceptível desses ataques próprios de marginais ou terroristas. Mas infelizmente o quadro é aterrador. Jeová se ira todos os dias (Sl. 7:11). Jeová, irado diante da desobediência do seu povo, desfecha uma série de atentados divinos contra os seus filhos, achando que pelo terror vai torná-los fiéis, santos, amorosos e mansos. Vamos transcrever um momento da sua ira assassina: “Pelo que, como a  língua de fogo consome a estopa, e a palha se desfaz pela chama, assim será a sua raiz, como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó;  porquanto rejeitaram a lei de Jeová dos exércitos, e desprezaram a palavra do santo de Israel. Pelo que se ascendeu a ira de Jeová contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra ele, e o feriu; e os seus cadáveres eram monturo no meio das ruas” (Is. 5: 24-25). Como a ira de Jeová, não cessa, mais a frente, Isaías continua falando: “Portanto Jeová suscitará contra ele os adversários de Rezin, e  instigará os seus inimigos. Pela frente virão os siros, e por detrás, os filisteus, e devorarão a Israel com a boca escancarada; e nem contudo isto , se apartou a sua ira, mas ainda está entendida a sua mão” (Is. 9:11-12). E o grande profeta continua a sua descrição macabra:“Pelo que Jeová não se regozijará com os seus mancebos, e não se compadecerá dos seus órfãos e das suas viúvas, porque todos eles são hipócritas e mafazejos, e toda a boca profere doidices. Com tudo isto se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” (Is. 9:17). “Por causa da ira de Jeová dos exércitos a terra se escurecerá, e será o povo como pasto do fogo; e ninguém poupará seu irmão” (Is. 9:19).

A ira não dá a luz a instrução, mas a um furor sanguinário e estéril. O próprio Jeová advertiu a Israel dizendo: “O estrangeiro não oprimirás, nem afligirás; pois estrangeiros fostes na terra do Egito. A nenhuma viúva nem órfão afligirás. Se de alguma maneira os afligires, e eles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o se clamor. E a minha ira se acenderá, e vos matarei a espada; e vossas mulheres ficarão viúvas, e vossos filhos órfãos” (Ex. 22:21-24).

A ira dá a luz um furor sanguinário e assassino. “Porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação, e a minha ira para os consumir” (Is. 10:25). “E aconteceu que, queixando-se o povo, era mal aos ouvidos de Jeová; porque Jeová ouviu-o, e a sua ira se ascendeu, e o fogo de Jeová ardeu entre eles, consumiu os que estavam na última parte do arraial” (Nm. 11:1). Quando Moisés subiu ao Monte Sinai para receber a lei e os estatutos de Jeová, embaixo o povo se corrompeu adorando o bezerro de ouro. Jeová então disse a Moisés: “Agora pois deixa- me, que o meu furor se acenda contra eles, e os consuma; e eu farei de ti uma grande nação” (Ex. 32:10). Como a ira rebaixa o status de qualquer um, mesmo sendo Jeová; o deus de Israel, este teve de ceder ante os argumentos de Moisés, que disse: “ Torna-te da ira do teu furor, e arrepende-te deste mal contra o teu povo” (Ex. 32:12). “Então Jeová arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo” (Ex. 32:14). Até um deus quando é iracundo, e intenta fazer coisas absurdas, é chamado atenção por um homem. Que vergonha. E não foi só esta vez. Depois de  quarenta anos, na hora de entrar em Canaã, doze espiões israelitas foram enviados a sondar a terra. Dez se acovardaram, e o povo murmurou. Então Jeová disse: “Até quando me provocará este povo? E até quando me não crerão por todos os sinais que fiz no meio deles? Com pestilência os ferirei, e os rejeitarei; e farei de ti um povo maior e mais forte do que este” (Nm. 14:11-12). E o homem Moisés voltou a se opor aos planos de Jeová, que acabou cedendo, mas como a ira é assassina, matou de peste toda  aquela geração que libertou do Egito? Porque a ira tira, tanto dos homens, como também do deus  Jeová, toda a caridade, toda a piedade e toda a compaixão, sem deixar vestígios. “E fá-los-ei em pedaços uns contra os outros, e juntamente os pais com os filhos, diz Jeová; não pouparei, nem deles terei compaixão para que os não destrua” (Jr. 13:14). “Pelo que também eu procederei com furor; o meu olho não poupará; nem terei piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, eu não os ouvirei” (Ez. 8:18). A ira endureceu deus…

 

Autoria Pastor Olavo S. Pereira

 

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